Os pensamentos
Era mais um domingo, daqueles corriqueiros, domingo de quintal, com cheiro de churrasco, com amigos vizinhos, muita conversa jogada fora, risos, comentários sobre isso e aquilo, um domingo com os mesmos rostos as mesmas vozes, os mesmos olhares distantes, as mesmas esperanças perdidas, e os mesmos desejos de vencer, vencer mais um obstáculo, na próxima semana.
Enquanto Joana de apenas oito anos, se acomodava no balançador antigo da casa, ele enorme, cujas cordas grossas apoiavam as mãos delicadas da menina, o vento soprava os seus cabelos, e com olhos fechados, ela acalentava os seus mais secretos medos.
Sentado à mesa composta de gente e muito barulho, misturados a música estridente, trim trim de copos e o blá blá das vozes, estava o pai de Joana, que ao mesmo tempo que se divertia, ele se perguntava qual sonho a menina, naquele instante embalava. Assim se passaram alguns minutos, quando a mãe de Joana juntou-se ao seu esposo,como a adivinhar os pensamentos do pai de Joana: - O que será que Joana pensa se balançando copiosamente assim, Chico? No que ele prontamente disse, que naquele instante se perguntava a mesma coisa. O que eles não sabiam, é que a menina estava somente preocupada com o seu boletim, que estava bordado de vermelho, e eram tantas notas baixas, que Joana, em seus pensamentos, só queria fugir daquele lugar, naquele balançador, o seu desejo era que fosse mágico, feito os tapetes do Aladim, para ela fugir do castigo do seu pai.
Uma coisa é certa, que os pensamentos são os nossos anjos ou carrascos. Eles nos acalentam ou atormentam.