O SUICÍDIO DE STEPAN ZWEIG.

Contrariando a única liberdade que não podemos exercer, posto que a morte é a única certeza que tem o homem, contra a qual nada pode em termos de arbítrio próprio, liberdade de agir, como regra, conforme crônica que escrevi, Stepan Zweig se despedindo da vida pelo extremo gesto, diz que:

“quanto mais voluntária é a morte, tanto mais bonita ela é. A vida depende dos outros, a morte da própria vontade”.

Elabora assim um método pessoal, por todos rejeitado, estabelecendo a exceção à regra, pois toda a literatura rejeita a morte como fator de beleza ou estética, e poucos ou quase nenhum apontam nela voluntariedade.

Zweig como livre surrealista do pensamento, bondoso ao extremo, capaz de viver ao seu tempo o que era difícil como hoje, “os males da humanidade”, sentindo-os, se despede da vida ao lado de sua jovem mulher que com ele partiu, deixando grafado que “ meus amigos vivam para contemplar a aurora ao final desta longa noite. Muito impaciente, vou antes.”

Quem era Zweig e qual a razão de seu gesto?

Era um intelectual austríaco, seus escritos em lingua alemã foram os mais lidos em todo mundo em seu tempo.

Se fez um paladino em buscar abrigo para os judeus perseguidos pelo nazismo na Europa.

Assim, procurava refúgio para esses sofredores, fazendo-o também no Brasil, escrevendo o ensaio “Brasil, País do Futuro”; não estava errado.

Foi considerado um dos maiores propangandistas da psicanálise e seu discurso no túmulo de Freud, em Londres, em 1939, se fez famoso.

O desfecho de sua vida ocorreu por seu amor à humanidade e aos seus próximos.

Chegou ao Brasil em 1941 e tentou junto a Vargas um asilo para seus companheiros perseguidos na Europa; não conseguiu.

Brutalmente injusta a história - como abrigava sua sensibilidade - dela se despede, fazendo questão de deixar seu marco de irresignação com a sinalização da humanidade no sentido de que nada vale mais do que o poder pelo poder e a dominação por desejos de objetivos desprezíveis onde os homens seriam distinguidos por raça e não por serem pessoas iguais na ordem natural de ancestralidade.

E tal fato continua a se repetir, com maior ou menor intensidade.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 19/09/2021
Código do texto: T7345753
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