A maior de todas as paixões do povo brasileiro.
Por @andréaagnus
Em nosso adorado coletivo, Bora Cronicar, a temática vencedora de junho foi o dia dos namorados. Por isso, resolvi falar sobre a paixão mais fulminante do nosso país, e se forem se persuadindo que falarei de futebol, lamento: caíram do cavalinho.
Recordo-me da primeira vez em que me apaixonei na vida, alguns já sabem dessa história, pois foi a única parte da minha vida real que emprestei ao meu romance, Alétheia. Tinha onze anos e vi a mulher mais bela do mundo – minha professora de história. Quando penso naquela época, até consigo sentir a pureza daquele amor, a devoção. À medida que fui crescendo e me reconheci lésbica fui ressignificando todas minhas experiências amorosas e, hoje, me considero uma mulher de sentimentos maduros, perenes, contínuos. Tanto é verdade, que uso minhas próprias experiências e de outras pessoas como nutrientes de minha escrita.
Justamente, nessas observâncias, percebi que existe um sentimento tão visceral na mente e no coração de algumas pessoas, que é capaz de transformar o rompante do primeiro amor em uma brisa suave, se comparado a este: a paixão política.
Esta paixão não vive sozinha, ela pede abnegados seguidores, ou melhor: ela clama por eles. Por que falo isso? Bem... ao estar em meio a pessoas que me perguntam, imploram, sobre meu posicionamento político-partidário, reporto-me a estas com cara de paisagem, de desamor, ausência, e o vazio irrita muito um espírito cretinamente apaixonado. “Petralha! Vai pra Cuba!” Respondo complacente: “Quem disse que sou petista? Amigo(a) há uma distância abissal entre ser antibolsonarista e petista.” Então, sigo acompanhando a contagem de pessoas que faleceram vítima do coronavírus e sem entender porque contam, sem fazerem nada de definitivo, assertivo, para remediar tudo isso.
Como diria Nelson Rodrigues, a paixão política “é a única capaz de imbecilizar o homem”. Afinal, todo ser apaixonado é um incompreendido e mais incompreensível ainda são aqueles que não amam e não escolhem seu lado. Resigno-me em ser uma santinha barroca de Aleijadinho: preenchida, apenas, de minhas próprias indagações.