GENTRIFICAÇÃO

GENTRIFICAÇÃO

De imediato a palavra parece sugerir algo que se trata de “gente”, não deixa de ser quando se dá pelas consequências em que se envolve pessoas, como vivem, como se organizam à mercê dos interesses governamentais e de especuladores – um processo que se desenvolve nos bairros populares, transformando-se um problema social – desalojados, sem teto, ambulantes sem opção de moradia. Quem conhece de perto, bem sabe que na sua grande maioria, se trata de pessoas de boa índole, muitos deles vindos do interior, procurando melhores oportunidades nas cidades grandes, e por não serem vistas pelas autoridades, vão se amontoando nas cidades. Geralmente, toda a degradação urbana é provocada por falta de uma estrutura de saneamento, enquanto, socialmente, são resultados de compartilhamento do pouco de cada um, e que apesar de tudo, muitos vivem em perfeita harmonia – são gente. Enfim, é um grande problema na maioria das cidades, não somente no Brasil, mas no mundo inteiro, particularmente, numa cidade como Linhares, é quase uma exceção. Quando busco melhores conceitos de cidade, fico tentado a encontrar nos mais antigos relatos bíblicos para justificar que o problema na sua origem está focado desde a família, o povo que Deus separou para honrá-lo na sua existência sobre a terra. É claro que, em havendo separação, é porque paralelamente seguia outro povo vivendo às custas de si mesmos. Destaco que, nesses guetos, amontoados de gente pobre, ou melhor de desafortunados (não quero dizer de miseráveis) mas de pessoa de pouca posse, ou quase nenhuma, porém, trazendo na sua essência, a decência, a dignidade e respeito na união familiar. Penso que esse povo da periferia, ou mesmo de rua, ainda encontra algum apoio onde está presente uma Igreja, lá buscam refúgio espiritual, e aprendem a dividir o pouco de cada dia. Logo, bastaria dar apoio moral às famílias de baixa renda, ou de quase nenhuma, oportunizar trabalho remunerado, mesmo que razoável, seria o suporte para que se levantassem de sua miséria. Quantas histórias do dia a dia são levantadas, de pessoas dignas que saíram surgiram desses lugares e que passaram a honrar o lugar onde nasceram e bem assim o grande esforço de mães, principalmente, que lutaram por melhor lugar para seus filhos. Quem não sabe disso? Seja no brasil, ou no mundo inteiro, a prevalência tem sido dos ricos contra os pobres, de políticos que deveriam representar e lutar por sua gente. No entanto, na sua maioria são roubadores de toda sorte, homens maus, malvados, cruéis. São estes que precisam ser levados em conta para que se resolva o problema conceituado como gentrificação. Ao invés de expulsá-los dos seus barracos, reconhecer que, com os anos vividos nas áreas invadidas – único recurso, o que à vista de quem deveria prestar ajuda, mas não prestou por ser mais vantajoso, ter ao dispor dos políticos o voto, em muitas vezes trocado pelo pão com mortadela. O conceito é muito bom – transformar a vida urbana sem ter que expulsar seus moradores; sem a pressão das imobiliárias que na sua maioria favorecem os gananciosos, auxiliados pelas propinas dos oportunistas. Gentrificação pode ser um bom tema político-social, todavia, de pouca monta no que pode ser verdade. Enquanto debatem o conceito, governos continuam expulsando pessoas de suas posses, especuladores continuam ganhando muito dinheiro, atendimento ao turismo. Quanto ao povo pobre? Deixa para lá! Vamos para o Congresso, conversar sobre mais uma utopia – gentrificação.

18\09\2021