" Se meu fusca falasse"
A verdade é que nunca nos livramos de alguns ecos do nosso passado, sejam eles bons ou ruins. Neste texto quero falar de um originado de bons momentos. Lembro-me que meu primeiro automóvel foi um fusca do ano de mil novecentos e sessenta e seis. Era meu xodó. Branco e todo personalizado; nas rodas aro 13, que deixava ele bem baixo pronto para atingir cento e vinte por hora nas estradas deste nosso imenso litoral. Equipei seu interior com grandes bancos reclináveis com a intenção de fazer bonito para as garotas, e inveja aos amigos. Nele conheci as belezas de praias do litoral norte, como Ubatuba, Maresias, Ilha Bela, Trindade e tantas outras. Naquela época era permitido entrar de automóvel em algumas delas. Vez ou outra encalhava-se na areia. Mas isso não era problema, Valia o suor despendido. Um empurrãozinho. E pronto! Sempre com a ajuda de um simpático frequentador da praia que aparecia para ajudar. No porta-malas carregava uma barraca pequena, onde cabia quatro pessoas. Era uma festa que começava com dois casais e podia terminar em turma, já que fazer amizades era fácil. Assim passava vários finais de semana aproveitando as delícias de um banho de mar, e o visual das estrelas que só do litoral é possível.
São tantas histórias que fica difícil selecionar uma. Meu fusca, a não ser por falta de gasolina nunca me deixou com grandes problemas. Quebrar, nunca. Nunca fiquei na mão. Ele era um fiel companheiro. Devagar e sempre!
Saudades do meu parceiro e amigo fusca que se foi junto com minha juventude!
Hoje, não entendo por que se fabrica automóveis com tecnologia complicada para atingirem mais de duzentos por hora, se a legislação permite no máximo cem por hora nas estradas e cinquenta nas vias urbanas.