O Jovem Xexelento
Parece o título de um conto, mas não é. Parece uma crítica à juventude, mas também não é. É só uma forma, não muito convencional, de introduzir a ideia do que passou pela minha cabeça sobre a "ideologia" para o jovem.
A concepção abstrata de Theodor Adorno- filósofo alemão da Escola de Frankfurt- diz que a ideologia passa a ser uma ironia sobre ela mesma, uma espécie de crença que se põe como desprovida de crença. Acho essa ilustre concepção bonita, porque contrapõe a ideia de que alguém consegue se libertar de todas as crenças que existem. É que o bem da razão, infelizmente ou felizmente, não é capaz de robotizar nossas emoções e juízos de valor nada embasados.
O problema do jovem, e meu também, é crer que de alguma forma o mundo é salvo por uma ideologia. Por que afinal, o que seria uma? Seria, segundo a visão mais enraizada da filosofia, uma forma de organizar, estudar e validar ideias que formam a concepção humana e sua fundamentação em sociedade. O problema é: há um ponto de um convergência entre alguém que imagina ser necessário oprimir os setores mais rebeldes da organização política e alguém que vê o perdão como dádiva divina? Pois é, nem é necessário grandes reflexões para perceber que a multiplicidade das opiniões humanas são uma desafio até para os mais positivos frente ao avanço. Ademais, longe dessa convergência, resta a guerra de qual ideia é a que irá prevalecer.
Li, em um artigo da UFG, a paráfrase de um tal Helvétius: "Se é certo que a opinião é soberana, ela só o é, em última instância, no reino dos poderosos, que fazem e governam a opinião." E não é que faz sentido? Será que esse apego todo às palavras desses seres que se dizem nossos mentores sociais é o caminho? Se é, como garantir que os que se encontram fora do eixo dessa ideologia não vão tentar um golpe? Além disso, a luta é sobre o quê? Para quê? Fazendo bem a quem?
Não seria de muito bom tom me alongar mais, pois estamos em uma crônica com título de conto. Então vamos voltar ao começo, quando eu disse, despretensiosamente, que essa pequena pérola do meu cotidiano (pensar em alguma coisa que não sei resolver e expôr) não é uma crítica ao jovem. Não é mesmo, é uma crítica aos políticos que ludibriam os jovens e, por conseguinte, os levam a acreditar serem ativos socialmente mesmo que eles não questionem o porquê do seu alinhamento a tal concepção. Por fim, se não há reflexão, a validação de tantas ideias estapafúrdias não passa de um mecanismo de alienação.