O delicioso vício do surto
Se tem uma coisa que faço com maestria é surtar. Minha paranóia apita pior que zumbido de labirintite e abre-se a porta do impulso e surto. Na verdade sou impulsiva demais. Para algumas coisas penso duas, até quinze vezes mas quando magoada e paranóica, nem um milésimo de segundo.
Surto.
Nesse mundo de hoje no qual a amizade virtual vale mais que a presencial (tá eu sei que não vale, que muita gente tá nem aí pra internet mas deixa eu com minhas afirmações), o modo de surtar mais válido, ou melhor, o meu vício de surto é bloquear as pessoas. Bloqueio sem dó nem piedade, não volto atrás. A rede é minha e faço o que eu quiser.
"Tá mas e daí?" - Você pode estar pensando. E daí que eu faço tudo no impulso e acabo me arrependendo. Não, não ta amizade desfeita, isso raramente acontece, mas do bloqueio mesmo. Assim, depois de um tempo passa e até me esqueço mas tem outras coisas que não tem como esquecer. Não vou me aprofundar em falar de amizade pois não sou a melhor pessoa no assunto. Não sou boa amiga.
Voltemos a falar de impulso ao surto. Esses dias surtei, faltei no trabalho, comi horrores, chorei horrores, liguei pra terapeuta e mantive a postura pois minha vontade era ligar pra ela e dizer: "Pela amor de Deus, me atende agora que to surtando." Ela me atendeu no mesmo dia. Melhorei um pouquinho. Mas e a comida que comi? A falta do serviço? Os erros? Pesadelos, inimizades, compulsividades. Tragédia.
E não, não é coisa da pandemia. Muito antes essa Teia que vos fala já era bem da louca mesmo.
Errei muito e vou continuar errrando. Que seja pensado e não tão pesado. Que seja freado e não derrapado. Que seja breve e não eterno.
Dia sem surto, amanhã 1º dia.