A COISIFICAÇÃO DA DONA DE CASA

Na cena, temos um balde, escovão, flanela, vassoura e... está faltando alguma coisa. O que será?

Ah! Está faltando uma mulher nesse kit de limpeza.

Esse é um cenário comum dentro da maioria das residências, a mulher como coisa de limpeza.

Muitas das vezes, os filhos e filhas maridos e agregados não colaboram com os serviços de casa, porém, não podem ouvir a mulher-coisa reclamando disso. Afinal, porque ela está reclamando se é função dela fazer tudo isso?

"A mulher-coisa é reclamona é mulher rixosa, mas ela reclama porque gosta de falar muito e, apesar de falar muito, ela aguenta o tranco." Esse é um inconsciente pensamento infeliz sobre quem é a mulher.

A mulher-coisa é como uma locomotiva, solta fumaça, mas faz parte do processo. Incomoda, mas faz parte do processo, conquanto, que ao fim da viagem haja comida pronta e roupa lavada, dá pra suportar.

Certa vez, ouvi de uma mulher que ao avisar o marido de que não estava se sentindo bem, ele respondeu que ao meio dia ela poderia fazer qualquer coisa para almoçarem e estaria tudo bem. A resposta dele a deixou mais doente, sim, porque tristeza adoece. Ela esperava que ao menos da própria refeição ele cuidasse, naquele dia específico, porém, ele esperou que doente ou não, ela se levantasse para providenciar algum alimento. Mais ou menos como se um motorista se desse conta que o carro não está legal, mas concluísse, que "dá pra rodar ainda, é só não pegar a pista".

Por que as coisas não mudam se as mulheres já conquistaram tantas coisas?

Porque no confortável álibi da cultura, muita gente se acomoda e é ainda muito difícil empurrar rochedos ladeira acima.

Assim, qualquer pessoa que queira sair da zona de conforto por amar a mulher/mãe/avó/ irmã e reconhecer que dentro dessa coisa bate um coração que a torna humana, também vai se interessar em aprender, se for necessário, e participar das tarefas domésticas como co-habitante que é, desse espaço coletivo chamado lar, casa, família ou nome que se queira dar, pois a única nomenclatura que deve ser abolida é a de mulher-coisa, pois até a Lei Áurea tem nome de mulher, indicando já aí que mulher não é coisa nem nasceu para ser escrava, ainda mais dos seus próprios familiares.