INDO AO MÉXICO
Sempre tive uma grande dedicação pela luta olímpica, “não a cênica” disputei vários campeonatos, estaduais e brasileiros. Fui técnico e instrutor da Federação Gaúcha de Pugilismo por alguns anos, tendo inclusive conquistado alguns títulos para o nosso estado. Como eu era professor de judô, eu garimpava os bons lutadores de judô que desejavam uma aventura a mais e os treinava na Luta Olímpica. Foi uma idéia que deu certo. E assim fomos eliminando por combate, os velhos lutadores de luta livre, ficando com uma equipe bem montada e com ótima técnica. Numa ocasião recebemos um comunicado da Confederação Brasileira de Pugilismo, junto com o Comitê Olímpico Brasileiro “COB” Nos informando que iriam mandar um técnico do Brasil, para a cidade do México, a fim de participar do curso de um mês em Luta Olímpica e Greco-romana. Um único do Brasil? E os técnicos do Rio, de São Paulo e Belo Horizonte, também vão se inscrever - Eu falei para o presidente da nossa Federação, não vale a pena mandar o meu currículo. O presidente me falou, manda sim tu tens um bom currículo, se eles mandar para nós à carta, acho que tu tens alguma chance. Convenceu-me. Apanhei o formulário do currículo que o COB tinha me enviado, preenchi, enfeitei um pouco com as instruções do presidente da nossa confederação, a os enviei, mas sem acreditar muito. Passados algum tempo, veio à carta que eu tinha sido escolhido pela comissão do COB, e que eu deveria preparar o meu passaporte. UUURAA O tempo estava curto, passaporte eu tinha, mas teria que renová-lo, mas uma vez o presidente meu amigo Cezimbra, me deu uma força, pois era da policia e radialista e tinha mais facilidade de conseguir favores. E foi uma correria para vencermos o tempo restrito. Será que vou conhecer o México? Era a minha pergunta, apesar de ter sido escolhido como o único brasileiro. Só que tinha ainda mais um impasse. Naquela época era preciso pagar uma taxa para viajar para o estrangeiro, ou conseguir uma isenção da taxa num caso como era o meu. Solicitei a isenção, que não chegava nunca pela burocracia e quando chegou, eu já estava com dois dias de atraso. Eu já estava enrolado com burocracia, e quase me despedindo da viajem. Com a isenção, passaporte, passagem embarquei para o México. Pousamos lá pelas 11 da noite, quando eu pude ver toda a cidade iluminada, que é enorme e uma das maiores cidades do mundo. Foi emocionante. Tomei um táxi e rumei para o Comitê Olímpico do México, que era o meu destino e muito longe do aeroporto. Ao apresentar-me e me identificar durante a noite, ficou difícil, conseguir alojamento na área masculino, e me colocaram na primeira noite, junto com a equipe feminina. Não reclamei de nada, que bela recepção eu junto a todas aquelas atléticas mulheres. O curso era ministrado por um mestre Mexicano, um Cubano e um da Romênia. Como era destinado para as três Américas, era traduzido para o inglês, e Espanhol. Como antigamente eu falava espanhol quando andava lutando pelo Peru e Bolívia fui buscando um espanhol trancado e consegui me entender bem. Foi um curso muito intenso, e bastante técnico, e cansativo com cinco horas diárias de aulas práticas de lutas olímpica e greco-romana e com aulas didáticas em salas com teorias e táticas para preparar uma equipe. A Vila olímpica, onde se encontrava o Comitê Olímpico Mexicano, era um complexo esportivo com todas as práticas olímpicas. Conseguíamos ver competições internacionais de vários esportes. Aproveitei para conhecer a equipe Mexicana de Judô, que ali faziam seus treinamentos. Conheci a equipe Brasileira de basquete que também estava lá mostrando o seu grande valor neste esporte. De maneira mais assídua eu assistia as equipe de ginástica olímpica e desportiva, que também tive uma grande intimidade quando eu a praticava no Brasil. No dia do exame, estavam os participantes de todos os países, nervosos, será que aquelas turmas de professores internacionais, que transmitiram tanta matéria não iriam nos reprovar. Eles deram a entender isso quando nos mandarem estudar. Estávamos nós todos com os livros na mão na ante-sala dos exames, repassando todas as informações possíveis. A surpresa foi desvendada, eles pediam uma ou duas práticas de luta que eles escolhiam. No fundo eles queriam que todos fossem aprovados, e assim se fez. Na nossa despedida com os participantes dos demais paises, tomamos tequila e cada um teria de apresentar alguma prenda para despedir-se. Como a minha flauta foi útil. Apresentei uma canção que entusiasmou todos. Uns cantaram, outros declamaram e dançaram e o outro brasileiro, mas precisamente o carioca, tocou o samba “Aquarela do Brasil” com grande maestria, na gaita de boca. Foi uma bela festa, são coisas inesquecíveis que a gente mantém na memória, e quando eu me esquecer, fica tudo aqui registrado como uma grande lembrança dos tempos vividos. Às vezes sobravam algum tempo e eu ia até o centro, mas tinha que tomar um ônibus e dois metros, até atingir o meu intento. Assim eu sentia o quanto à cidade era grande. Andava, e andava, e levava muito tempo só embarcado nos meios de transportes. Quando desembarcava no centro era outra imensidão de coisa para conhecer. Eu ia muito à “La Goinha” que era um tipo de mercado imenso que vendia de tudo. Ali comprei meu chapéu mexicano e lembranças para os amigos. Além de roupas que estavam em liquidação, junto vieram dois casacos de couros para andar de moto. Hoje parece que está um pouco fora de moda trazer traquitandas, que só enchem nossas mochilas, e com a internacionalização compra-se quase tudo por aqui mesmo. Minha passagem tinha milha suficiente, para ir até os Estado Unidos, então fui até o consulado Americano, para conseguir o visto, Fiquei umas seis horas numa fila imensa, até eles carimbarem o meu passaporte, que me daria o direito a ir até o Tio San, mas tranquei na parte de burocracia e desisti, indo posteriormente conhecer Nova York.