LUTAR... OU COMPETIR
 
Na minha infância eu sempre tive medos de me meter em brigas, pois o meu porte físico era sempre em desvantagem, o que resultaria muito provavelmente apanhar mais do que bater. Quando e tinha uns 10 anos, os meus colegas derrubavam meus livros, me empurravam, davam-me rasteiras, e eu sempre os temia, mas teve um dia que me deu uma louca perdi a noção e me atraquei num menino, com chutes e mata cobras, e consegui um pouco mais de respeito com a turma, mas o medo ainda me perseguia. Depois mais tarde, aprendendo como lutar, e ficar mais forte, acabei fazendo alguns descontos da época em que eu me sentia acuado sem reagir. Na realidade eu evitava entrar em brigas, porque sempre pensei que levar as discussões para as vias de fatos, não era o melhor método. Como o ato de querer resolver os desentendimentos na base da violência, buscar de maneira direta, julgando, condenando e aplicando as punições, não são atuações justas. Hoje eu penso que antes de defender o seu ponto de vista, devemos analisar também o ponto de vista do nosso oponente. Pela falta de compreensão dos seres humanos entre si, acontecem muitas divergência e inimizade que poderiam ser evitados, se houvesse mais entendimentos mútuos. Eu sempre procurei aprender a verdadeira filosofia das lutas, mas nós levamos muito mais tempos neste aprendizado. Sempre lia as essências das sabedorias orientais, e prestava atenção aos mestres em tudo o que eles queriam transmitir através das essências das lutas. Tem conselhos e ensinamentos que ficam mantidas em nossas mentes. Um dia ouvindo um mestre japonês num dos meus cursos participados: ele disse: um dos maiores problemas que temos hoje no judô são os malefícios da competição. Finquei um tempo pensativo em sua afirmação, para melhor entendê-lo, pois ele não deu uma melhor explicação em sua crítica, mas cabe a nós mesmos entender o verdadeiro sentido do que ele quis nos ensinar, com suas críticas. Mas ele era um mestre oriundo do País do Sol Nascente, com a experiência demonstrada pela sua longevidade de vida. Se nós formos preparar um treino com o objetivo de fazer um grande competidor, É um treino tecnicamente errado se for só visado desenvolver o ser humano como um todo. O treino puramente técnico visa à filosofia e treinamento de forma bilateral, abrangendo toda a musculatura, para alcançar um equilíbrio corporal uniforme. Mas o treinamento destinado ao competidor, visa um treino mais unilateral, desenvolvendo mais o aperfeiçoamento da sua técnica preferida e o mais aconselhável. Ai está uma das falhas. Eu participei durante 30 anos como professor de judô do Centro Educacional La Salle de Canoas. Na sala de judô, teve uma época em que um professor de AIKIDO ministrava seus ensinamentos. Eu algumas vezes após a minha aula de judô, ficava assistindo e ouvindo os ensinamentos do professor sobre as suas técnicas: Ele dizia que o princípio filosófico do AIKIDO, não permite que o aluno lute com seus semelhantes e que também não são permitidos competições entre os lutadores. Somente os treinos é que devem ser praticados com toda a sua eficiência e técnica. A pessoa que tem a sua cabeça feita para luta, corta a sua conexão com o universo. Quando se tenta dominar os outros, já se está vencido. Temos que resolver um conflito e não começá-lo. Tinha a força, a técnica, mas ainda me faltava o verdadeiro aprendizado, que era a essência. As brigas nunca me trouxeram nenhum tipo de orgulho, mas elas fizeram parte quando eu não tinha absorvido o verdadeiro sentido que as técnicas marciais me ensinaram.
Scaramouche
Enviado por Scaramouche em 14/09/2021
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