Maracutaia das Licitações
Não precisa ser Conselheiro dos Tribunais de Contas, tanto do Estado quanto da União, para entender o funcionamento das licitações. Uma mesma pessoa, com auxílio de "laranjas" forma um conjunto de empresas e apresenta suas propostas para a prestação de serviço ou venda de produtos, sabendo que ganha a concorrência aquela que propõe melhor preço. Já vai com a certeza de ganhar, pois, das três ou mais propostas, a ganhadora pertence ao mesmo dono.
Num dos depoentes da CPI, um senador que é contador, advertiu para a necessidade de ouvir o Contador da Empresa, ameaçando recorrer ao CRC, se ele fez algo irregular na sua criação.
Ora, conheço um caso em que o Prefeito de um município, para fazer suas licitações, criou empresas em nome de laranjas, em cidades diferentes, como forma de ludibriar a fiscalização. Para os Tribunais o que interessa é a documentação. Não percorre o caminho entre a origem e o destino das finanças. Assim, como já ouvi de um auditor, "o papel aceita tudo." Mas, para quem conhece os meandros da burocracia, pode muito bem desconfiar a existência de maracutaia nessas licitações.