Passeio com a morte

Vivo a me perguntar, e se eu morrer?

Desejo tanto pela morte, que passei a me questionar o que aconteceria se ela, de fato, viesse. Se ela me atendesse de primeira, eu me arrependeria.

Penso nas risadas que não seriam dadas ou nas lágrimas que secariam junto à mim, ou nas experiências não vividas, eu perderia muito, ainda que hoje não me anime muito estar entre os vivos.

Imagino a minha tristeza, seja lá onde eu estivesse, percebendo que deixei de escrever bons textos, de ler bons livros, de conversar comigo mesma. Eternizada em uma caixa de madeira e coberta de terra, vejamos como definhou uma escritora tão nova e tão sagaz, como qualquer outro, uma ninguém.

Quem viria ao meu funeral? Certamente aqueles que me amam, muito embora, a maioria das cadeiras fossem permanecer vazias. Se no funeral das pessoas, só fossem os que amam verdadeiramente, muitos estariam vazios, talvez eu seja um deles.

Iria alguém ler um dos meus escritos? Talvez este que escrevo, um tanto mórbido, mas adequado para a ocasião. Minha alma ficaria eufórica.

O fato, é que talvez eu deseje tanto a morte por saber que ela não vem, ou pelo menos torcendo que ela não venha, é a metáfora da morte que me atrai, não agonizar em vida. No entanto, foi agonizando que sorri, amei, chorei e me vi enlouquecer, muitas vezes, foi desta forma que vivi.

Me sinto viva novamente, como se a morte me inspirasse a viver e a escrever, no fundo sei que a minha alma de poeta não me deixaria morrer sem um grande final, oblíquo mas trágico, preciso de uma tragédia para findar-me e de um perspicaz escritor para escrever sobre ela. Por enquanto, vivo.

Brenda Nascimento
Enviado por Brenda Nascimento em 13/09/2021
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