Camisa Banlon
VÁRIAS vezes confessei que sou um sujeito avesso a vestir fantasia. Que não uso camisas, bonés ou coloco botons de partidos. Mais, que nem camisa vermelha eu uso, embora seja esquerdista à minha maneira.
Mas a camisa vermelha eu evito também devido a um fato acontecido na minha adolescência. Foi no tempo da tal camisa Banlon, uma camisa de malha que virou moda no país.Uma tia do Recife me deu uma de presente, vermelha. Acho que a primeira dessa cor que se usou na cidade. Comecei a desfilar com ela pelas ruas para me amostrar às garotas. Deu merda. Literalmente. Explico, todo dia eu passava, à noitinha, por uma rua, defronte de uma casa onde um cara que diziam ser muito valente e esquentado conversava no alpendre com a noiva, era caminho para me encontrar coma minha patota. Um dia,excepcionalmente, não passei, mas passou um carinha parecido comigo e, pasmem, de camisa vermelha, que disse uma brincadeira com a noiva do sujeito esquentado.
No outro dia, por sorte minha, o esquentado passou nua oficina, armado com um 38, e disse a um torneiro que iria me matar. O toneiro amigo de meu paie que gostava muito de mim, peguntou o motivo. Ele explicou quena noite do dia anterior eu desrespeitara a noiva dele. O torneiro um cara muito forte, com mais de cem quilos, pegou na breca do sujeitoe tomou a arma dele, e lhe disse sério: - Você está enganado, o rapaz jamais poderia ter feito isso porque ontem de noite ele estava no aniversário de minha filha e sem camsa vermelha. O cara se convenceu, ainda andou procurando o responsável mas não achou. O torneiro avisou ao meu´pai, um tipo meu que também era esquentado teve uma palestra como sujeito, tudo voltou ao normal. Mas eu queimei a camisa vermelha. Não por medo, mas porque fiquei com raiva dela. Detalhe: continuei passando na mesma rua. Juro. Inté.