Mini crônica: Lucidez ( para Clarice Lispector)
Não entendia bem essa gente que dizia que gostava mais de tal escritor , compositor, pintor ou qualquer artista que fosse; eu não entendia ;como assim? Gostar para sempre; mas como se as coisas mudam, as folhas caem , as rosas perdem suas pétalas , rios secam .
Acho isso meio contra o movimento da vida; gostar para sempre de uma pessoa ou mesmo dizer que a amo para sempre. Mas como assim? As pessoas mudam; não consigo amar alguém eternamente ; é muito tempo (e nem sabemos o tamanho da eternidade )será que é por isso que sofro assim?
Nada para mim ou melhor, desculpem; pai , mãe , filhos , irmãos e irmãs são para sempre, pelo menos nessa vida (deixo a eternidade de lado )será que é por isso que já me casei seis vezes, trabalhei em profissões diversas ?
Que culpa tenho eu de não saber ser eterno nos gostos, nos gestos , no amor. Acho que foi a poesia que me fez assim; esse ser que não é, mas que quer ser, ou foi a música? Poderia ser louco também...mas , quem me ensinou a ser lúcido? Essa lucidez era o centro de todos os problemas e não sabia como se livrar dela.