Mini crônica: Dona Filó.

Hospedara-se na pensão de Dona Filó desde que havia chegado naquela cidade. Viera do interior para tentar a vida na capital e já havia arrumado um emprego, graças a Dona Filó , que havia rezado para ele conseguir — não sabia se fora por piedade ou para garantir a mensalidade.

Gostava de reparar o jeito de Dona Filó fazer as coisas: varrer a casa, tirar poeira dos móveis, lavar a roupa e todas essas tarefas que uma dona de casa tem para fazer. Mas, o que mais gostava de olhar era ela lavando as louças e as panelas. Ela não desperdiçava água. Tinha um tamanho cuidado ao abrir e fechar a torneira que o impressionava.

Um dia resolveu perguntar a Dona Filó onde ela aprendera a economizar com tanta presteza a água. Só então ficou sabendo que Dona Filó também era do interior e do interior do nordeste, mais precisamente da Paraíba. Ela lhe contou que sofreu muito com a falta de água na sua terra ,quando era pequena. Contou que sua mãe lhe ensinara a nunca desperdiçar uma gota de água que fosse.

Cresceu assim e quando se mudou para São Paulo continuou a economizar água mesmo que não precisasse . Economizava comida também, apesar de hoje estar numa situação muito boa e de não precisar mais de fazer isso. Por mais que tentasse , não conseguia fazer de outro jeito; por mais que tentasse... tentasse...