REJEIÇÃO E DEPRESSÃO
Os males do mundo estão bem perto de nós e entendo ser a rejeição um dos maiores, quiçá o maior deles, pois dá origem a outros sintomas igualmente maléficos. Sentir-se rejeitado é sentir-se diminuído, esquecido, ignorado. Difícil encontrar quem nunca se sentiu assim, seja pelos amigos, pela pessoa amada e até pela própria família. E isso marca nossa vida para sempre. A rejeição dilacera, rasga, amarga, dói muito. Por vezes, algo simples como não ser lembrado para uma festa é suficiente para que o sentimento da rejeição se instale. Não há parâmetros para dizer o quanto e como dói. Podemos até questionar: “o que eu estou fazendo aqui?”. Como naquele momento em que a(o) parceira(o) vira para o outro lado e lhe diz um sonífero “boa noite” e você fica olhando pro teto naquela escuridão indecifrável, tentando entender o que aconteceu. “O que foi que eu fiz? Será que disse algo errado?”. O sono não chega, a cabeça pesa demais e os olhos não fecham. Instala-se a solidão, aquela bem sofrida. Como reagir quando alguém nos nega um beijo, um abraço ou um simples carinho? Ou quando um filho simplesmente nos ignora? Difícil, não é? “Tô cansado, ‘num’ tô a fim, não, amanhã a gente conversa”, “Pai, me abraça, preciso muito de você”, “Filha, dê uma ajudinha aqui pra sua mãe”. Esses são exemplos de um vazio que se acumula e não há como substituir, não há como dizer: “depois eu preencho esse vazio”. E vamos seguindo em frente, muitas vezes cercados por muita gente, mas absolutamente sozinhos, num retão da estrada sem enxergar seu final. E sem uma certeza sequer, passamos a incorporar um sentimento de não aceitação daquilo que nos acontece (ou não acontece). O ideal seria entender que dói muito menos se simplesmente não ligarmos. É só não esperar que lhe convidem para uma festa ou não esperar um telefonema no dia do seu aniversário, e, pronto, nada de decepções. Mas, não é tão simples assim. Até que, finalmente, se chega ao final do ciclo: a depressão, uma grave doença emocional e não uma “frescura” como muitos ainda acham que é. E aí, amigo, a história é outra, bem pior em suas consequências.
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