Homenagem a Dona Rosnha

Minha mãe uma mulher de fibra.
Benedita Azevedo

Rosena Matos da Silva, que nasceu Rosena Martins Matos, em 28 de fevereiro de 1916. Filha de Francisco Matos e Maria Cecília Martins Matos.

A mãe de Rosena era filha de Francisco Raymundo Martins e Maria Vitalina de Sousa Martins que geraram os filhos: Olinto de Sousa Martins, Florêncio de Sousa Martins, Firmo de Sousa Martins (amigo de Padre Albino), Luísa de Sousa Martins, Francisca de Sousa Martins, Anastácia de Sousa Martins, Luca de Sousa Martins e Maria Cecília de Sousa Martins (minha avó).

Rosena Matos da Silva casou-se com Euzébio Alberto da Silva em 1934. Geraram os filhos: Luciano, Eliza, Luzinete, Maria da Conceição, Maria Benedita, Benedita, Raimunda, Francisca, Euzébio Filho, Rosa e Maria do Socorro. Todos Matos da Silva.

Rosena, mais conhecida como Rosa ou Rosinha era uma mulher forte e corajosa. O casal tinha um engenho no povoado Mata. Ela além de ser dona de casa, esposa e mãe, costurava para fora e fazia o que aprendera com o pai. Cuidava de todos. Administrava tudo com sabedoria e esperteza, no bom sentido.

 

Se alguém ficava doente iam perguntar a dona Rosinha qual chá deviam tomar? Quais os tecidos que deviam comprar para as roupas das festas religiosas. Era madrinha dos filhos de muitas pessoas, que iam buscá-la no meio da madrugada, a cavalo, para ajudar as mulheres a trazerem seus filhos ao mundo.

 

Minha mãe sabia tudo sobre remédios caseiros. Éramos 10 filhos. Se alguém comia mais do que devia: chá de boldo, quebra-pedra e cararucá.

Para insônia: erva cidreira e capim limão.

Para verme, emplasto para ossos quebrados e inflamação: mastruz (erva-de-santa-maria).

Para sarna dos cães: sumo das folhas de melão são Caetano e mastruz.

Para conjuntivite: usava uma raiz que chamava de raiz dos olhos. Ela raspava, colocava em pano limpo e pingava nos olhos com leite materno. No outro dia já se estava bem.

Para tosse: xarope de hortelã pimenta e erva cidreira.

Para artrite e reumatismo: azeite de caroço de bacuri e sebo de carneiro.

Para engravidar: leite de copaíba. Tudo informação oral passada de pai para filho.

O engenho foi vendido em 1955. Meu pai passou a ser tropeiro. Rosinha passava a maior parte do tempo sozinha com os filhos. Distribuía as tarefas de acordo com a idade de cada um. Contratava pessoas para trabalharem na enorme horta à margem esquerda do Rio Itapecuru. Na hora da colheita, principalmente de tomates, se não encontrasse mão de obra para contratar, levava os filhos, não se podia perder o resultado de tanto trabalho.

 

Em casa criavam-se porcos e galinhas, tudo sob o comando de dona Rosinha. Tínhamos muita fartura em casa. Plantava-se de tudo. Meu pai trazia muito peixe seco de Anajatuba e também gostava de caçar: veado, cotia, paca, cateto e outras. À época não era proibido. Quando queria comer peixinho fresco, pescava de tarrafa no Rio Itapecuru.

Mulheres de tropeiro e de marinheiro sofrem com os boatos de que homens tem uma mulher em cada localidade, em todos os portos. Mesmo assim, minha mãe ficou casada com meu pai 59 anos. Minha mãe tinha sua própria filosofia de vida e exigia dos filhos o que achava correto: Dizia sempre:

- É importante não só copiar o modelo, mas, remodelar.
- Quem gosta de fofoca, perde tempo de produzir.
- Quem cuida da vida dos outros esquece da sua.

Praia do Anil, Magé - RJ

Benedita Azevedo


 

Benedita Azevedo
Enviado por Benedita Azevedo em 09/09/2021
Reeditado em 24/12/2021
Código do texto: T7338672
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