Paixão e Amor*
Amor é um elemento abstrato. Portanto, em sua base não existiria uma relação direta com algo CONCRETO ou com o REAL. É realidade ou construção social (discursiva) para indicar um fenômeno de dimensão fortemente subjetiva.
A paixão, ao contrário, tem sua existência relacionada ao desejo de satisfação direcionada a um objeto. Nas relações entre pares, em que a intimidade é um dos elementos, a paixão tem como objeto o sexo (relação carnal), sob suas mais diferentes formas.
O amor é sereno, compreensivo, humano relacional. Há, no amor, um desejo mútuo de compartilhar afetos, gostos e vontades. O amor é calmo.
Paixão é performance libidinal, de corpos, de desejos, por objetos. Há, na paixão, desejos individuais, egoicos, ardentes e dominadores. Quando sexual, nada além de reciprocidades de vontades individuais para satisfação pessoal, mesmo que compartilhadas. O amor é humano; a paixão inumana, animal.
O amor não precisa do sexo. Nem a paixão de amor. A harmonia entre os dois pode, sim, tornar cada um melhor. Mas é ilusão pensar que o amor depende de sexo e o sexo de amor. O que depende de sexo é uma relação em que os instintos da paixão ainda não foram amadurecidos ou redirecionados para objetos menos... ardentes.
Ambos são finitos, como tudo que o humano cria ou inventa. Sim, não existe amor eterno nem incondicional. Quer dizer... incondicional (?!), sim, existe um tipo de amor INCONDICIONAL (sem nenhuma condição de exigir qualquer retorno). Mas esse não é humano... quero dizer, não entre humanos.
* Ideias iniciais de um propósito para aprofundamentos.