Joguei bola sim

De vez em quando me perguntam:

- Você já jogou bola?

- Claro que sim, sem ter sido um craque, mas também não beirando a mediocridade de um caneludo. Já rolei minha bolinha sim!

Bom mesmo foi meu irmão Didi. Era um craque admirável, com talento reconhecido no futebol e só não foi mais longe para jogar em times grandes, porque não quis. Não faltou insistência do meu pai Adão e a força de um mundão de amigos. O cara foi um verdadeiro astro do nosso futebol amador. Jogando na meiuca, possuía o perfeito domínio de bola, tinha visão de jogo para construir jogadas e marcar gol. Fera mesmo.

Eu segui outro caminho, da crônica esportiva, fui trabalhar no rádio e escrever para jornais e sites. A bola era como um passatempo e perfeita como uma atividade recomendável para se manter a forma física. Acho que todo garoto (pelo menos a maioria) gosta de bater uma bolinha.

O período sério mesmo na minha “carreira” foi no infanto-juvenil do Tupi com o mestre Pepedro, responsável pela formação de inúmeros jovens no esporte bretão. Sabia tudo o professor. Era um paizão para nós. Tupi era o alvi-rubro “vingador” da Barão do Rio Branco, na minha cidade. Hoje, infelizmente, não existe mais e, no lugar do Estádio Walmir Gomes da Rocha, ergueu-se a regional da Cemig. Uma pena! Menos uma área de lazer na cidade. Um espaço a menos para os campinhos, que vão sendo ocupados por construções de toda a natureza, com o progresso da cidade.

No Tupi chegamos para ajudar a plantar a grama e jogar com a camisa sete com muita honra, ao lado de garotos bons de bola, alguns que brilharam mais tarde no futebol das gerais. Vida que segue.

Sem compromisso, nas chamadas peladinhas, dei meus chutes pelo time da Rádio, com os colegas, alguns de boa categoria e outros nem tanto, mas jogávamos com alegria. Visitávamos dezenas de comunidades rurais, realizando jogos e fazendo amizade, era o que mais importava. Havia os famosos embates por ocasião do aniversário da emissora, no mês de novembro, quase sempre debaixo de chuva.

Algumas partidas chegaram a ser hilariantes, quando tínhamos pela frente (por exemplo), o time dos Cem Quilos (só jogavam os verdadeiros gigantes acima desse peso) ou contra o time dos Baixinhos. Imagine só a cena! A galera ficava alucinada a cada jogada. Era garantia de espetáculo e de casa cheia.

Nos clubes recreativos, lembro-me bem quando botei uma medalha de ouro no peito como campeão pelo Varejão Central, no Clube Colina, em um torneio interno.

Só não foi melhor, porque voltei prá casa com o dedão da mão direita inchado, por uma bolada que levei, nada que o fisioterapeuta Vicente pudesse dar um jeito. O dedão ficou bom, a medalha dei de presente para a namorada e as chuteiras foram penduradas. Mas o futebol continua comigo, nos programas e nas narrações que faço, com muito prazer. Com muitos gritos de gooooooolllllllllll, bem mais que aqueles que consegui fazer em campo. Muito mais...