A menina que gostava de palavras.
A menina que gostava de ouvir histórias que os adultos contavam quando se reuniam nas calçadas à noite, após o jantar, assim como bebia as palavras do Pastor de sua Igreja que era também Professor de Português.
Cada palavra nova que ouvia, a menina pedia à mãe que lhe explicasse o significado, o que nem sempre Dona Maria conseguia em razão de seu pouco estudo. Por isso a menina ia mais cedo para o Grupo Escolar onde havia uma Biblioteca e suas perguntas sempre eram respondidas. Foi assim que cedo adquiriu o hábito da pesquisa.
Um dia, um vendedor de livros apareceu na casa da menina que começara a frequentar o ginásio.
Com facilidade o bem falante rapaz convenceu a mãe a adquirir o “maravilhoso dicionário com três volumes ricamente encadernados e ilustrados. É uma obra que possui mais de três mil verbetes, etc., etc...”.
Dona Maria não sabia o que eram verbetes, mas por serem milhares, deveriam ser suficientes para alimentar a curiosidade da menina de doze anos.
Depois deste a menina adquiriu pela vida afora outros tantos dicionários, embora nenhum tenha tanto valor quanto o que a mãe lhe comprou com tanto sacrifício.