Busque a Jesus, Encontre-O!
Durante muito tempo convivi com minha família e amigos em nosso pequeno povoado praticamente às margens do lago de Genesaré e ao lado da cidade de Cafarnaum.
Meus amigos eram os pescadores e suas famílias que sobreviviam da pesca e do comércio do pescado, assim como grande parte dos meus familiares adultos. Tudo estava indo muito bem até aquele dia em que, após sofrer um pequeno acidente perfurante na embarcação utilizada para nos fazermos ao largo, não senti nenhuma dor.
Disfarcei o ocorrido o máximo que pude, mas ao voltar para casa procurei averiguar o que tinha acontecido, longe dos olhares de todos. Apalpei o ferimento com força, mas o local mostrava-se insensível à dor. Observei outras manchas mais vivas espalhadas pelo meu corpo e descobri, com algum temor e certa surpresa, que também eram insensíveis ao toque.
Decidi que não me reuniria aos pescadores na manhã seguinte e que, ao invés disso, procuraria ajuda do sacerdote do nosso povoado. E foi isso que fiz, para ouvir com muita preocupação o diagnóstico do sacerdote que me disse com todas as letras que eu havia contraído a temível lepra. Após essa revelação que me deixou aturdido, ele me ordenou o completo isolamento da minha família, dos meus amigos e de toda a sociedade.
A partir daquele dia, eu deveria me vestir com roupas rasgadas ou em frangalhos, permanecer com os cabelos em desalinho, não buscar a companhia de qualquer pessoa, morar fora do perímetro do nosso povoado e se, eventualmente pessoas se aproximassem de mim eu deveria, com o rosto encoberto até à altura do nariz como se estivesse usando uma máscara, repeli-las bradando bastante alto que eu era leproso, tudo de acordo com as instruções do Levítico indexado à Lei de Moisés.
Nem me lembro mais por quanto tempo vivi daquela forma. Na verdade, aquilo não poderia ser chamado de "Vida"! Condenado à morte por causa da enfermidade e também condenado ao isolamento social eu era mais um "morto-vivo" perambulando pelas ruas dependendo da generosidade das pessoas que me davam alimentos, embora guardassem a devida distância, pois ninguém poderia tocar em mim sob o risco de ser considerado imundo e também ser condenado ao isolamento.
E foi assim que Jesus me encontrou!
Já tinha ouvido falar dele e dos seus feitos milagrosos de sorte que, quando soube que Ele passaria pelo nosso povoado eu haveria de procurá-lo como a minha última oportunidade de cura. E se eu não conseguisse falar com Ele, também já sabia o que faria em seguida. Afinal, de que adiantava viver mais morto do que vivo?
Aquele dia foi especial para mim. Considero que naquele dia fui trazido de volta à verdadeira vida. Saí às ruas e lá estava Ele, rodeado pela multidão que foi abrindo caminho à medida que eu me aproximava dele. Movido por uma coragem que há muito não demonstrava, caí aos seus pés e lhe disse:
"Mestre, se o Senhor quiser, podes me purificar da minha lepra!"
Confesso que não esperava dele essa reação, mas Ele veio até mim, tocou-me como há muito tempo ninguém me tocava e me disse com ternura:
"Sim, eu quero te curar. A partir deste momento você está curado. Mas, não faça nenhuma celebração por isso, sem antes ir ao sacerdote para oferecer o que a Lei determina, e para que isto sirva de testemunho a toda essa gente."
Olhei para mim mesmo, apalpei as minhas feridas, bati no próprio rosto para despertar do meu pesadelo, belisquei-me todo para constatar que a lepra havia desaparecido e então, somente então, corri até a sinagoga e me apresentei ao mesmo sacerdote que me obrigara ao isolamento. Eu estava feliz, mas confesso que quase desisti de prosseguir nas orientações dadas pelo sacerdote e só me esforcei para cumprir todo o ritual proposto pela Lei por causa do que o Mestre dissera, ou seja, "para servir de testemunho ao povo."
As orientações incluíam a apresentação de duas aves incluindo o sacrifício de uma delas com a aspersão do sangue desta por sete vezes sobre mim e sobre a outra ave viva usando-se um pano de cor vermelha enrolado em um pedaço de madeira de cedro mergulhado no hissopo ao som da declaração do sacerdote de que eu estava puro e curado. Depois disso, um banho com a troca das roupas rasgadas, pelos totalmente raspados e o retorno à comunidade após os últimos sete dias de isolamento. O ritual continuaria por mais alguns dias e com a apresentação ritual de outras ofertas, mas cá para nós, eu parei para pensar no significado e na razão de todo aquele cerimonial.
A enfermidade não tirara de mim a capacidade de analisar, refletir e pensar sobre o que ocorrera comigo mediante a ação unívoca de Jesus ao me curar, e a condição de centenas de pessoas que, antes de mim precisaram passar pelos mesmos rituais de purificação, muitos deles com recidiva posterior e que acabaram sucumbindo à enfermidade.
Pensei comigo mesmo: "Quantas outras pessoas poderiam ter a solução para a sua dor e para o seu sofrimento se, ao invés de se submeterem a rituais de purificação em nome de uma religiosidade ineficaz e estéril, procurassem a Jesus de Nazaré?"
Concluí que aquilo que Jesus dissera, ou seja, "para que sirva de testemunho ao povo" tinha tudo a ver com a proclamação, a partir da minha experiência vivida com Ele, da Sua capacidade de submeter à Sua autoridade e ao Seu poder qualquer que fosse a situação ou circunstância que obrigasse o Ser Humano à escravidão, dependência, dor ou sofrimento.
A compreensão disso mudou a minha vida e pode também transformar a sua vida. Por que buscar alcançar a lua e as estrelas no sentido de fazer sacrifícios para receber a bênção de Deus, se Jesus se encontra bastante próximo do teu coração para manifestar o Seu eterno poder e te dar a Vida e a Paz?
Há um cântico (*)cuja letra diz:
"Busquem a Jesus;
busquem a Jesus!
Ele é paz na aflição,
Ele é a salvação!"
Encontre-O!
Deus te abençoe!
Pr. Oniel Prado
Inverno de 2021
05/09/2021
Brasília, DF
(*)
Música: Busquem a Jesus.
Canta: Prisma Brasil