O dia do fico

Jair, o nosso jair, embora muitos o malham pra caramba. Ele estava no sono profundo, veio aquele sonho terrível, estava correndo da multidão, corria tanto que o suor deixava toda suas roupas molhadas como se tivesse num temporal.

Desesperado quanto mais ele pensava em verdadeiro torpor, mais ele não compreendia o teor da confusão. Teve momentos que nem pensava, falava com ele mesmo.

--- Mas o que é isso, sô, não tô dando uma! Tudo que falo, quando não criticam na gozação, me acusam de bandidão. Ah! Povinho...

Mas ele só começou a entender o porque da gritaria da multidão quando escuta o povo gritar:

--- Sai o Jairsão, sai o Jairsão, pra entrar então o Mourão e nós não estamos mesmo de acordo nem com o Serjão! E a turba ainda gritava:

--- nada de fuzil, nós queremos mesmo é o feijão.

No sonho mesmo o nosso personagem, vê um lugar em que muitas almas a gemer, ele pergunta pra um cidadão que está saindo dali feliz da vida e pergunta:

--- que lugar é esse?

--- purgatório, meu chapa, estou feliz da vida, quer dizer da morte, porque eu já vou para o paraíso, já paguei os meus pecados todos.

--- engraçado!... (ele pensa) jurava que não existia purgatório, mas vai entender esse negócio do sobrenatural!

Para embananar mais a cabeça dele, dois anjos o interpelam. Um lhe fala:

--- continue safado, homem maldito.

O outro anjo que pela lógica era do bem lhe dizia o contrário:

--- arrependa, seja humilde, homem bendito.

Aí a esposa dele agitada o acorda lhe dando a maior bronca:

--- acorda, Jair, você teve um pesadelo, bem que teu o médico falou: evite as feijoadas à noite antes de dormir, nem deite muito nervoso, ah! Homem teimoso!!!

--- vou amansar mulher, hoje pra mim é um novo dia, chame o meu porta voz que vou fazer um pronunciamento, será um novo dia do fico, doravante eu serei um São Francisco.