Alicerces da Nossa Grande Esfera (*)

(*) Nem tudo são flores no Planeta Jardim - Crônicas de um futuro possível

APIABÁ (20.8 S, 47.5 O), 18/03/3317

Os primeiros trinta anos da construção da Nossa Grande Esfera foram dedicados a construir os alicerces, na forma de octógono de 150 x 150 metros, ocupando uma área de quase 20 mil metros quadrados. Foram três anos apenas para cavar o solo até a camada de rocha e fazer os drenos que permitiriam trabalhar a trinta metros de profundidade mesmo com chuva.

O terreno do futuro centro comunitário da cidade de Apiabá, a Graça do Sapucaí, é um altiplano que serve como divisor de águas de dois dos afluentes do Rio Sapucaí.

No entanto, a camada rochosa do lugar escolhido é levemente inclinada para o Oeste. Portanto, o buraco cavado para construir o alicerce tinha um fundo inclinado. A solução simples encontrada foi terracear a superfície da pedra, iniciando a concretagem pelas partes mais baixas e prosseguindo até o nivelamento. Acima disso, restaram quinze metros a preencher até o nível do solo. O alicerce da NGE é portanto uma estrutura de aproximadamente 350 mil metros cúbicos de concreto, pedra talhada e argila compactada.

Para reduzir custos, optou-se pelo uso misto de concreto armado e pedras de cantaria, e a parte de cima é dotada de “câmaras” preenchidas com argila compactada.

Trabalhei diversos anos na pedreira cortando e esquadrejando blocos de pedra de 1,0 x 0,60 x 0,60 m, que foram assentados um a um no meio do concreto, como se fossem tijolos na alvenaria. A parte inferior do alicerce, da plataforma rochosa até o nivelamento do fundo, foi construída de forma maciça: uma camada de 0,30 m de concreto armado, uma camada de blocos de pedra talhada.

Sobre essa parte inferior da base, o alicerce sobe 15 m com uma estrutura ôca, semelhante a uma colméia. São cinco camadas de 3,0 m cada. Cada uma dessas camadas é dotada de câmaras de 2,7 m de altura por 3,0 m de comprimento e 1,1 m de largura e separadas entre si por paredes de concreto e pedras talhadas de 1,,0 m. Depois de as câmaras serem preenchidas com a argila compactada, era feita uma lage de concreto armado de 0,3 m de espessura.

Por cima da quinta camada, há 2 metros de terra, o suficiente para o enraizamento de uma floresta de palmeiras de diversas espécies.

O mais interessante, contudo, foi a armação das três colunas de sustentação de uma esfera “flutuante” de 150 metros de diâmetro. São colunas cilíndricas, com 15 m de diâmetro cada, maciças desde a rocha até o nível do solo, ocas daí para cima, para conter escadarias e elevadores, com paredes de 2,5 m do solo até um terço da altura da esfera, e diminuindo a espessura daí para cima.

A concretagem das colunas e das partes maciças do alicerce deu-se sobre armação mista de vergalhões de ferro e varas de bambu, assim como toda a estrutura da esfera, as paredes e as 5 lajes.

Giacomo Cattoni
Enviado por Marco Antonio Mondini em 01/09/2021
Reeditado em 06/12/2023
Código do texto: T7333438
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