O preço do armário
Certo momento, depois de grande turbulência na vida da pequena Miniastra, ela decidiu modificar o ambiente em que residia. Pensou na necessidade de mudar algo, porque algo precisava ser mudado no seu quarto retangular. Sentiu a necessidade de comprar um pequeno armário para acomodar os seus livros, suas histórias, troféus e medalhas; tudo
guardado para evitar o empoeirar das suas conquistas. Decidiu então comprar um armário e trancá-los todos lá.
Ao decidir se deslocar e comprar o novo móvel, andou muito pela
cidade e finalmente encontrou o apropriado armarinho. Era suficiente, ficou na dúvida entre cor amadeirada e branca. Pensou um pouco, olhou para cima e baixo dos armários, tocou neles e escolheu o amadeirado escuro, a cor que mais se aproximava do preto, afinal.
Era uma técnica que sempre usava para comprar seus móveis. Escolher a cor aproximada do preto evitava aquela tom amarelado, encardido, comum nos móveis brancos da casa dela. Isso porque, na casa e no quarto, as telhas com constância se enchiam de poeira e caiam aos poucos como neve, imperceptíveis; nos móveis, na mesa, nos livros, nos troféus, na cabeça dela, no corpo; era odioso, queria ela apenas ver que depois de tanto tempo, o móvel ainda tinha a mesma cor, mas a poeira se impregnava e a mutava.
Para além da cor, o detalhe mais importante para a menina era a fechadura e a chave. De fato,o que comprara tinha. Era a privacidade e resiliência que ela podia dar aos autores tão amados por ela, os troféus e medalhas, podiam dormir sem perturbações. Se queria tanto assim, admirar o interior do móvel, porque então não comprou um com transparente ou com vidraça? Entre abrir e fechar as portas ou acomodar e observar pela vidraça, ela preferia o primeiro. Sentia potência, pensou ela. Era o que podia fazer para guardar o que tinha de melhor e quando quisesse os vê-los, bastava girar a chave sob seu controle, guardar e retirar o conteúdo posto dentro do móvel e depois girar novamente, e também porque o móvel era mais barato.