Lista de coisas a não fazer

Relaciono a seguir alguns “mandamentos” que têm orientado a minha vida, pelo menos em relação às coisas das quais tento fugir. Algumas coisas eu já fiz e não quero mais fazer. Outras tantas eu nunca sequer cogitei.

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Não pegar em armas. Não trocar socos e pontapés. Não gritar. Não processar ninguém. Não tomar parte em um tribunal de júri. Não apoiar a pena de morte.

Não ganhar na Mega Sena. Não construir nenhum império. Não investir dinheiro na bolsa. Não trocar de celular a cada ano. Não me habituar ao shopping center.

Não me preocupar com a moda. Não achar que o bonito é mais importante que o confortável. Não fazer do terno e gravata uma rotina. Não querer ostentar.

Não acordar de madrugada para malhar. Não estar interessado em cultivar músculos. Não ser obcecado com a minha aparência. Não fazer uma cirurgia plástica.

Não beber até cair. Não buscar o prazer a qualquer custo. Não deixar para viver apenas nos finais de semana. Não sufocar talentos ou paixões em nome do mercado.

Não começar o dia assistindo ao jornal. Não achar que a vida é só aquilo que vira notícia. Não saturar de realidade. Não investir em discussões nas redes sociais.

Não pautar a minha vida pelos likes e views. Não achar que a fotografia importa mais que o momento em que se fotografou. Não visualizar e-mail antes de dormir.

Não bater em uma criança. Não deixar de fazer coisa alguma por não ser mais uma criança. Não impedir a fantasia de fluir. Não tirar a esperança de ninguém.

Não fazer uma mulher chorar. Não achar que há coisas que são de homem e outras da mulher. Não dar muita importância à maquiagem. Não ser um canalha.

Não chamar a dor alheia de mimimi. Não duvidar do choro dos outros. Não ignorar um pedido de ajuda. Não deixar passar muito tempo antes da reconciliação.

Não usar Deus para justificar os preconceitos. Não excluir ou segregar. Não esquecer a realidade dos negros. Não impedir as formas pelas quais o amor se realiza.

Não cultivar muitas certezas. Não achar que dou conta de explicar a realidade. Não ser inflexível. Não duvidar do improvável. Não desesperar ou desistir.

Não ignorar a Lua e as estrelas. Não achar que não importam os nomes e as características de aves e árvores. Não cortar uma árvore. Não arrancar uma planta.

Não expulsar um cachorro. Não querer me divertir às custas de um animal. Não achar normal matar uma aranha. Não achar que o humano é um ser superior.

Não me levar tão a sério. Não agir contra a minha consciência. Não conter o riso. Não sufocar o amor. Não segurar a ideia. Não reter o sonho. Não deixar de ser eu.

Henrique Fendrich
Enviado por Henrique Fendrich em 29/08/2021
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