Agora, Basta!
Eric do Vale
Conceituar uma obra de arte como atemporal é algo extremamente redundante, mas, em vários momentos, isso chega a ser necessário. Por exemplo, sempre que somos informados de algum fato referente ao aspecto político, social e econômico do Brasil, imediatamente, e de forma inconsciente, utilizamos aquele famoso refrão da música do Renato Russo: "Que País é esse?".
É impressionante que passadas mais de duas décadas, essa canção funciona como uma espécie de hino para todos aqueles que buscam manifestar o seu descontentamento perante a realidade brasileira.
Contemporâneo de Renato Russo, Cazuza também não fica de fora desse panteão: "Meus inimigos estão no poder". Existe algo mais atual do que essa frase?
Não é a minha pretensão fazer desse texto um manifesto panfletário, mas é impossível se calar diante de tanta adversidade. Ainda mais, levando-se em conta aqueles que compactuam com uma conduta contraria aos princípios previstos na Constituição Federal referente a dignidade da pessoa humana, previsto no artigo 5°.
Pessoas desse naipe correspondem ao refrão daquele funk: "Cada um no seu quadrado". E é nesse "ritmo " que , de forma desenfreada, aceleram no processo de desigualdade que dentre tantos malefícios, resulta ainda na alienação.
O que pensar de alguém que, vivendo em um país economicamente vulnerável, diz que em vez de feijão é melhor comprar uma arma de fogo? Bem como falou Maria Antunieta para os seus súditos, quando a França atravessava uma crise econômica: "Não tem pão, comam brioche". Além de desencadear a Revolução Francesa, tal frase carimbou a sua sentença na guilhotina.
Em se tratando do Brasil... Diante dos últimos acontecimentos, remete, agora, uma outra profética frase do Cazuza no qual o poeta diz que vai haver uma revolução ao contrário da de 1964, finalizando: "Vamos pra rua". Não tarda muito para isso acontecer.