A borboleta amarela
Sou borboleta amarela
Dessas bem amarelinhas,
Sou mulher que se aquieta,
sou mulher que se aninha.
(Wanda Maria C.Alckmin, 2011)
Sempre tive grande interesse pelo novo, pelo aprendizado que devemos colher de cada dia. Sou observadora em extremos. Mesmo se estiver concentrada, a mente trabalha num “outro lado” que é difícil de captar em situações normais. Se estiver dirigindo, minha atenção é para a estrada e sinalização, mas com certeza meus olhos estarão à procura de paisagens que me despertam os melhores sentimentos. Eu costumo fotografar com a mente ( e com a câmera) tudo de bom que já vivi e ainda vivo.
Uma letra de música é capaz de fazer uma tempestade na minha inspiração. O que me enternece passa longe de muita gente. De coisas muito simples, que passam despercebidas pela maioria das pessoas, eu posso fazer o bonito ou o feio.
Tenho uma enxaqueca com aura, que é cíclica. Não dói, mas faz um vendaval dentro do meu corpo. Fico meio fora do ar por alguns dias e me esforço demais para manter todas as minhas atividades em dia. Na maioria das vezes eu consigo. Outras não... E aí é hora de correr para meu doutor em acunpuntura que conhece cada pedaço do que sinto e sabe como colocar as coisas em ordem, com paciência e grande amizade. Ele e eu passamos a ter uma relação de irmãos, uma coisa muito bonita. As sessões, por muitas vezes doloridas e inquietantes, são amenizadas pela música bem baixinho e o sol entrando pelas frestas da sala, sempre a mesma para mim. Parece que a sala diz que me espera, que me dá sinais de melhora em poucos dias.
O grande responsável pela clínica é o pai dele. Durante muitos meses ele calculou cada milímetro do que poderia ser um local que amenizasse as dores de muita gente, os que acreditam e aceitam a acunpuntura como tratamento eficaz. Eu não só aceito como agradeço a Deus as mãos de mago do meu amigo e bendigo o dia que o conheci.
Entre umas (muitas) lágrimas e sorrisos (alguns tímidos), ele me acolhe e deixa as agulhinhas fazerem a sua parte. A sala de espera está sempre cheia. Pessoas caladas e muito sérias. E eu, com a mania que não consigo largar, limpo minha bolsa, passo batom e penteio cabelos como se estivesse na minha casa, para os olhares surpresos dos “normais”. Tô nem aí pra quem acha que sou doida ou normal.
Pois bem, o pai de nosso amigo notou que todas as tentativas de deixar revistas, novas ou velhas, na sala de espera, eram inúteis. No final do dia todas eram levadas pelos pacientes. – Eu mesma já me senti tentada a levar algumas, mas nunca fiz isto. Acho que é invadir o espaço alheio.
Como solução para o problema, o dedicado senhor instalou uma televisão de muitas polegadas na parede. De lá saem os mais belos vídeos que existem no mundo. Enquanto as pessoas apenas os assistem para ajudar a fazer correr o tempo, eu fico revivendo detalhes na minha mente: como o vídeo foi feito, se estava frio no estúdio ou lugar de gravação, se o navio tinha ondas bravias, se as pessoas estavam confortáveis com as roupas maravilhosas... E até me coloco no meio deles.
Ah, esta alma de borboleta amarela... Ainda bem que posso ser uma, se assim eu quiser. E assim eu penso: aluga-se uma alma de rosto cansado e cheio de esperança.
Sunny L
Pekin, Illinois,final de agosto de lembranças
Sou borboleta amarela
Dessas bem amarelinhas,
Sou mulher que se aquieta,
sou mulher que se aninha.
(Wanda Maria C.Alckmin, 2011)
Sempre tive grande interesse pelo novo, pelo aprendizado que devemos colher de cada dia. Sou observadora em extremos. Mesmo se estiver concentrada, a mente trabalha num “outro lado” que é difícil de captar em situações normais. Se estiver dirigindo, minha atenção é para a estrada e sinalização, mas com certeza meus olhos estarão à procura de paisagens que me despertam os melhores sentimentos. Eu costumo fotografar com a mente ( e com a câmera) tudo de bom que já vivi e ainda vivo.
Uma letra de música é capaz de fazer uma tempestade na minha inspiração. O que me enternece passa longe de muita gente. De coisas muito simples, que passam despercebidas pela maioria das pessoas, eu posso fazer o bonito ou o feio.
Tenho uma enxaqueca com aura, que é cíclica. Não dói, mas faz um vendaval dentro do meu corpo. Fico meio fora do ar por alguns dias e me esforço demais para manter todas as minhas atividades em dia. Na maioria das vezes eu consigo. Outras não... E aí é hora de correr para meu doutor em acunpuntura que conhece cada pedaço do que sinto e sabe como colocar as coisas em ordem, com paciência e grande amizade. Ele e eu passamos a ter uma relação de irmãos, uma coisa muito bonita. As sessões, por muitas vezes doloridas e inquietantes, são amenizadas pela música bem baixinho e o sol entrando pelas frestas da sala, sempre a mesma para mim. Parece que a sala diz que me espera, que me dá sinais de melhora em poucos dias.
O grande responsável pela clínica é o pai dele. Durante muitos meses ele calculou cada milímetro do que poderia ser um local que amenizasse as dores de muita gente, os que acreditam e aceitam a acunpuntura como tratamento eficaz. Eu não só aceito como agradeço a Deus as mãos de mago do meu amigo e bendigo o dia que o conheci.
Entre umas (muitas) lágrimas e sorrisos (alguns tímidos), ele me acolhe e deixa as agulhinhas fazerem a sua parte. A sala de espera está sempre cheia. Pessoas caladas e muito sérias. E eu, com a mania que não consigo largar, limpo minha bolsa, passo batom e penteio cabelos como se estivesse na minha casa, para os olhares surpresos dos “normais”. Tô nem aí pra quem acha que sou doida ou normal.
Pois bem, o pai de nosso amigo notou que todas as tentativas de deixar revistas, novas ou velhas, na sala de espera, eram inúteis. No final do dia todas eram levadas pelos pacientes. – Eu mesma já me senti tentada a levar algumas, mas nunca fiz isto. Acho que é invadir o espaço alheio.
Como solução para o problema, o dedicado senhor instalou uma televisão de muitas polegadas na parede. De lá saem os mais belos vídeos que existem no mundo. Enquanto as pessoas apenas os assistem para ajudar a fazer correr o tempo, eu fico revivendo detalhes na minha mente: como o vídeo foi feito, se estava frio no estúdio ou lugar de gravação, se o navio tinha ondas bravias, se as pessoas estavam confortáveis com as roupas maravilhosas... E até me coloco no meio deles.
Ah, esta alma de borboleta amarela... Ainda bem que posso ser uma, se assim eu quiser. E assim eu penso: aluga-se uma alma de rosto cansado e cheio de esperança.
Sunny L
Pekin, Illinois,final de agosto de lembranças