VÉUS E AFINS

Sempre que vejo textos tolerantes que falam dos fundamentos, das tradições, de costumes e vestimentas das religiões; explicando, por exemplo, que determinadas roupas e cabelos têm como objetivo fazer com que as pessoas “não sejam escravas do desejo sexual” ou que determinada prática “tem a higiene e a saúde como objetivo” na sua raiz tradicional; fico pensando "com meus botões" e me perguntando o quanto há de "CONSCIENTE" e de “VOLUNTÁRIO” na adesão de pessoas adultas aos costumes e tradições das religiões dos países, comunidades e famílias em que foram criadas. Principalmente no caso das mulheres que, praticamente no planeta inteiro, estão desde sempre inseridas no machismo estrutural.

Não tenho respostas, só perguntas e um desconforto que não me larga...

Até onde é voluntário o uso de roupas e cortes de cabelo (tanto para homens quanto para mulheres) "tradicionais" de determinada religião?

Sei que a moda ocidental, comercial, elitista, consumista e desvinculada de tradição religiosa também pode ser vista como um tipo de imposição... Sei que se pode perguntar até onde uma garota que copia as roupas que seu grupo usa é mais livre do que uma muçulmana que "precisa" usar um véu.

Será que eu vejo a primeira BEM menos aprisionada do que a segunda porque também sou uma mulher sem liberdade? Acho que não, mas achar basta?

Tudo que sei é que todas as "fantasias" religiosas, da burca à costeleta comprida dos judeus ortodoxos, passando pelo hábito das freiras e pela careca dos monges budistas, me causam estranheza e desconforto.

Nada do que se faz “tradicionalmente” para “agradar”, “louvar” ou “obedecer” a um deus me parece livre. Sei que, na prática, a mídia também se tornou um deus, mas desse deus eu – até certo ponto – ainda posso fugir sem que ele me prejudique até mesmo após a minha morte.

Divina de Jesus Scarpim
Enviado por Divina de Jesus Scarpim em 28/08/2021
Código do texto: T7330375
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