Esperei por esse momento o dia inteiro

Ela o observava atenta e apaixonadamente enquanto ele dormia. Pra muitos uma cena pavorosa, pra ela, sublime contemplação do perfeito.

Deitado de semi bruços, perna esquerda dobrada e a direita esticada. Vestia uma cueca boxer verde mar sem estampas, nada sexy. Ela de pé ao lado da cama o devorava com os olhos.

Deitou-se ao lado dele e o abraçou, quase atrasada para o trabalho. Ele suspirou e a viu, é sempre sua primeira imagem do dia, ela estando ali ou não. Sorriu, disse-lhe bom dia. Ela respondeu com um beijo, tão doce, tão doce, que ele faz desse beijo seu café da manhã.

Os beijos aumentam e esquentam, ambos pensam: vai atrasar. Dito e feito, feito um amor matinal cheio de desejos, romantismo e luxúria, pura luxúria, como na primeira vez, como se fosse a última vez. Com a tez avermelhada ela se despede e vai. Ele ainda se recompondo, levanta -se.

O dia está complicado, não são nem 10 horas da manhã e ela já trabalhou 1 mês em duas horas. Dia difícil. Bate uma saudade daquele homem que ela deixou na cama extasiado. Manda um "zap" despretensioso: te amo. A resposta imediata: mais que tudo nesse mundo. Ela lê, sorri, e como se tivesse recarregada, volta ao trabalho.

Almoça quase todos os dias sem ele. É ruim. Mas sempre com ele na cabeça. É bom.

Distrai-se com situações cotidianas, manda vídeos e imagens pra ele durante o dia todo, fofos e safados. Sentem falta um do outro, ela sente uma falta enorme dele, é ele dela.

Ele na correria de todos os dias, dirigindo a cidade inteira tentando resolver a vida dos dois. Escutando sambas e mais sambas no carro. A cada samba um sorriso e o pensamento nela. Manda um "zap" despretensioso: tudo bem por aí?". A resposta vem imediata: saudade. Ele sorri e pensa: que sorte a minha ter essa mulher. Gargalha, aumenta o som e segue o dia.

Quando finalmente se encontram no final do dia, é uma cena de cinema. São dois sorrisos iguais, um dele, que a observa se aproximar do carro, linda, incrível. Ainda se pergunta todas as vezes: como posso amar tanto uma pessoas assim?

Outro sorriso, o dela. Que se encaminha até o carro, linda, incrível, não sabe o que ela pensa, mas pode imaginar.

Um beijo caloroso, como se não se víssem há semanas. Conversam, riem.

Em casa, é um ritual. Primeiro a tarefa das crianças, depois a janta. Ambos gostam de cozinhar um para o outro. Quando ela faz, não o deixa ajudar, quando ele faz não a deixa ajudar.

Quando exaustos deitam na cama, não conseguem dormir sem amor. Vivem de amor o dia inteiro, a todo minuto. Mas o amor do quarto a noite, é outro tipo de amor. Proibido pra menores, e alguns maiores também. Se amam como se o mundo fosse acabar. Se amam como quem tem fome, ou sede. Se arranham, se mordem, se estapeiam. Se amam com certa violência. São dois corpos de puro pecado. Se amam como pagãos.

Ainda suados, ofegantes, saciados, olham penetrantemente um pro outro: eu te amo. Suas vozes juntas, causam dois sorrisos.

Quando finalmente se deitam pra dormir, já é passada da meia noite.

Ele estende seu braço esquerdo esperando que ela se deite ali. Ela se ajeita, deita a cabeça sobre seu peito e diz: esperei por esse momento o dia inteiro. Ele sorri satisfeito. Adormecem ali, se amando até dormindo.

Renann Calazans
Enviado por Renann Calazans em 27/08/2021
Reeditado em 27/08/2021
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