Um bem acima de tudo
Quem não deseja um “bem”, sobretudo quando ele é “comum”? Não comum no sentido de ser vulgar ou ordinário, mas ser compartilhado, coletivo, conciliador e conciliante. Isso vem do latim do termo bonum, nem feminino, nem masculino, mas neutro, para ser um valor, uma coisa de ordem moral ou material, mais universal possível. Por isso, o bem de todos poderia ser a base de regime político de ótimas conjecturas. Inúmeras vezes, escrevi crônica sobre tal assunto, sobre o qual escutava falar na vida comunitária do Seminário; nas encíclicas que abordaram essa referência ao “bem da humanidade”, de todos nós, inclusive da natureza. Seria utopia? É ela que sonhamos, é por ela que nós lutamos, e é por isso que continuo a insistir escrevendo.
Assim como é objetivo da sociedade humana, o Bem Comum deveria ser “a causa final da nacionalidade brasileira”, ou seja, desejo e vontade da nação, com patriotismo em todas suas ações políticas e públicas, objetivando, na então pátria, o bem para todos os filhos e filhas. A genialidade do Bem Comum se fundamentou em Aristóteles, filosofando sobre o caminho da “razão sadia”, que iluminou Tomás de Aquino a demonstrar a estrutura do Estado e dos seus governos; o que se limita a um regime, por excelência, com esse fim: propiciar e organizar o bem para todos e consequentemente para cada indivíduo, seja em qual for a diversidade de regimes...
Há quem espere do Estado apenas o poder de gendarme, para garantir estritamente direitos individuais, quando deveria ele ter a função precípua de assegurar o direito de todos e manter o cumprimento dos deveres. Essa concepção geral da nossa vida social, no patamar da Ética, proporciona riqueza de bens, sem restrição à liberdade. Nesse aspecto, está o conjunto das condições que constroem uma sociedade forte, com “desenvolvimento constante”, num enriquecimento e engrandecimento da cidadania, da organização político-partidária sólida, flexível e programática. O Bem Comum numa casa, numa família, seria o bem a todos filhos, filhas e pais, como naturalmente assim seria na nossa nação.
Já nas sociedades desenvolvidas, o Bem Comum passa pelas condições de ordem física, moral e técnica, tornando-se, deste modo, o Bem Comum político, com contínuo progresso, os membros dessa sociedade formariam uma organização política sempre em evolução. Por sua vez, o Bem Comum humano, far-se-ia, politicamente, uma estruturação social ao fornecer, aos homens e às mulheres igualmente, uma vida de paz, de segurança, de saúde e de educação, em cujos valores se fundamentariam as atividades privadas e públicas, propiciando firmeza, proteção e disciplina ao indivíduo, à família e às corporações profissionais.
Há um Bem Comum para cada povo, que depende da sua cultura, relativizada pelos fatores naturais, geográficos, históricos, políticos, sociais e valores morais. É como se fosse a fisionomia social daquela nação, naquele país. Em crônica anterior, ressaltamos o papel da autoridade do Estado, independente das religiões, para resguardar essas bases do nosso regime político. Esse assunto não é coisa à toa, trata-se de um bem que pertence a todos nós e que idealiza o aperfeiçoamento da nossa sociedade e a prosperidade do nosso país, pois antes de fazer, saibamos o que se quer. E por que não desejar o bem, e sobretudo para todos? Quando muito se quer, muito se pode.