VIVENDO, ESTUDANDO E APRENDENDO
Prof. Antônio de Oliveira
Guimarães Rosa formulou o pensamento que associa o ensino à aprendizagem, e vice-versa. À sua maneira. Aliás, como sempre o fazia. Mesmo escrevendo em português, usava uma espécie de sub-linguagem própria, o que tornava seu estilo inconfundível. No caso, escreveu: “Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende”.
O personagem Riobaldo, em particular, é assim um jagunço-filósofo que nos faz refletir a partir de cada frase sua, não necessariamente de conteúdo seu. Desenrosca questões desde sempre e as enrosca de novo numa nova versão. No bom sentido, tem o condão de fazer empacar leitor ou leitora, em cada página, para que esse, ou essa, assimile, repense nuances do saber, verdadeiro patrimônio da humanidade.
Patrimônio que um preconceituoso pode censurar, mas não consegue desapropriar. O saber não ocupa lugar nem definha, a não ser quando definham as condições mentais do sabedor ou do sábio.
Parte dos alunos decora as lições. Não as apreende. Conhecimento acumulado, mas não absorvido sob a alegação de que não sabe o que vai fazer com aquele conteúdo. Aborta, mata literalmente o nascer do saber. Mais tarde, hão de faltar-lhes condições para recuperar o tempo perdido, quando, por exemplo, mesmo não sendo da área da saúde, carece de um mínimo de conhecimento de anatomia humana. Aí, lá se foi o tempo...Mas há quem pense tratar-se de um sintoma, não de causa. Há controvérsias.
Voltando ao mestre que “de repente aprende”, que tomei como exemplo de reescrita do pensamento, veja a formulação desse mesmo pensamento num dito de Horácio, em latim: “Disce, docendusadhuc”. Enquanto ensinas. aprende. O mesmo entendimento, com formulações diferentes, reinando através dos séculos.