Desencontro

No ônibus que fazia linha do Rio – Fortaleza tudo corria bem. Após uma noite tranquila, estava o veículo próximo a São Mateus no Espírito Santo. A travessia de vinte e quatro horas pelo Estado da Bahia, aos poucos, ia se aproximando. Ao parar no ponto de apoio, para que os passageiros pudessem tomar banho e fazer seu desjejum. Todo desceram, enquanto o ônibus ia para um local onde seria lavado e teria o banheiro limpo até o próximo ponto de apoio. Na viagem Robson, um marinheiro que ia de férias visitar sua família, encontraria Sarah; uma morena de cabelo liso e brilhante, esposa de um segundo cão chamado Inácio, mergulhador e submarinista. Ela vinha de férias com a família, enquanto o pai se encontrar-- -se- ia com Sarah e os filhos em Fortaleza, no ônibus, conheceu um marinheiro de nome Guilherme e, à medida em que a viagem ia avançando, os dois foram fazendo amizade, um companheirismo natural de quem viaja grandes distâncias. Desciam juntos com os meninos, um casal, de sete e nove anos respectivamente. Era uma família típica de um militar da Marinha de Guerra. O marido era o provedor e a esposa cuidava da prole e do lar. Enquanto Inácio viajava, ela dava conta da casa. Conforme a viagem avançava, a jovem senhora mostrou a Guilherme, fotos de sua família. O sargento Inácio aparecia posando em vários cantos quer do Brasil quer do exterior. Mas também havia fotos do segundo cão com a família, em momentos de lazer. Ou nos churrascos com companheiros de bordo aos fins de semana ou no Maracanã nos dias de jogos do Flamengo, sua grande paixão. Efusivas, as crianças apontavam no álbum as férias passadas, quando os primos vieram para ficar vinte dias na casa deles em Curicica , Jacarepaguá [ dos filhos de Inácio], quando conheceram esta parte da família da mãe A viagem, longa e cansativa, estava prestes a acabar. Já estavam Juazeiro, último ponto da Bahia. Ao atravessarem a ponte sobre o Rio São Francisco, só faltavam doze horas de Petrolina até Fortaleza. E diferente dos mares de morros já eram perceptíveis a típica flora do semi-árido, e o calor cáustico do sertão nordestino.

Já próximo a Fortaleza, Sarah deu a Guilherme seu endereço e pediu que aparecesse para tomar um café com tapioca. O marujo pegou o papel e colocou no bolso da bermuda jeans, prometendo ir visitar o casal. O que infelizmente não ocorreu, porque Guiherme, num ato de negligência, colocou a bermuda com a qual viajava para ser lavada e a lavadeira da família, a dona Emília, (sem consultar a patroa ou a ele mesmo) molhou e jogou o papel fora.

Os dois nunca mais se encontraram.

Moysés Severo
Enviado por Moysés Severo em 22/08/2021
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