ENCONTRO COM SOCRATES, O CRAQUE DA SELEÇÃO

Era Janeiro, com minha esposa e filhos, fomos passar uma semana das merecidas férias em Balneário Camboriú, Santa Catarina. Já faz um bom tempo, nossos filhos ainda eram crianças. Em determinado dia, cedo, minha esposa sugeriu que fossemos ao final da praia na Barra Sul, em vista que na época era pouca movimentada, as crianças ficariam mais a vontade para brincar e também seria melhor para vigiá-los. Lá chegando,armei nosso guarda sol próximo a um quiosque, justamente para facilitar a compra dos picolés e sorvetes para os pequenos. Próximo a nós, havia somente uma família, uma senhora com algumas crianças. Não demorou e as nossas crianças já estavam enturmadas, pareciam que já se conheciam há muito tempo. Este é o lado bom das crianças, não têm dificuldades de relacionamentos, ao contrário de nós adultos.

Após o guarda sol armado, as crianças brincando, minha esposa nesta altura também já conversando com a “vizinha”, mãe das crianças. Fui ao quiosque para tomar uma longneck, o calor recomendava, no local só havia um senhor aparentemente de minha idade sentado em uma banqueta, lhe dei bom dia e ele retribuiu. Em seguida, assentei a uma baqueta, somente neste instante percebi que conhecia o referido senhor, se tratava do Doutor Sócrates, o Magrão, o Capitão da Seleção Brasileira da Copa de 1982, daquele timão que não ganhou a Copa, mas foi o que apresentou o melhor futebol.

Claro! De imediato falei a ele. “É o nosso craque? O Sócrates". Ele sorriu e fez uma afirmação discreta com a cabeça. Iniciamos então uma conversa, aí ele me disse que a família dele era aquela que estava com o guarda sol ao lado da minha, os filhos deles eram aqueles que estavam brincando com os meus filhos. Confesso, eu sempre gostei de “papos de futebol”. Não perdi tempo e nem a oportunidade. Disse a ele: “Estou com um grito de gol engasgado até hoje". Falei a respeito da cabeçada que ele deu próximo a trave ao final do jogo Brasil 02 x Itália 03, nas quartas de final daquela Copa de 82, e o goleiro italiano, não se sabe como, acabou fazendo uma memorável defesa, evitando o gol. Ele respondeu: “Não é só você, eu também... rsrsrs".

O bate papo se estendeu, foi inesquecível. Sócrates era uma pessoa extraordinária. A verdade é que assim acontecem os encontros inesperados, os que não são combinados. A ida naquele dia ao final da praia, parar naquele local para armar o guarda sol, resultou nesse encontro e uma conversa aprazível, um bom papo com um dos maiores craques do futebol brasileiro.