O trabalho transforma a pessoa, ou te transforma em pessoa?
Hoje, sexta-feira, por volta das 11 horas, retornava, em meu carro, de uma pequena vinícola situada em uma localidade do interior. Passava por uma residência, típica nessas localidades interioranas. Bem a beira da estrada geral, com um grande gramado à frente, cerca mista de ripas de madeira e arame farpado, com um arvoredo ao redor da casa. Foi quando percebi um garoto de aproximadamente 13 anos de idade, que com um machado rachava toras de lenha.
A muito não via um menino naquela idade trabalhando, ainda mais em um serviço como aquele, considerado por muitos, um tanto quanto pesado. Parei o carro e fiquei observando. O menino era obstinado em cortar as pequenas toras, do que parecia ser lenha de bragatinga. Partia em quatro, ou mais pedaços e amontoava ao lado. Foi bonito de ver a vontade com que cortava a lenha.
Fiquei alguns minutos observando e segui meu caminho.
Na infância e início da adolescência também cortava lenha, para meu avô, daquela mesma forma todos os meses. O trabalho era realizado mediante um pagamento. Contava eu com a mesma idade daquele menino, ou quem sabe, um pouco mais novo do que ele. Meu avô me pagava certa quantia para que eu fizesse alguns trabalhos e ficasse longe das ruas, dentre eles, estava incluído o corte da lenha, por ele comprada, todos os meses.
Através desse exemplo me ensinou três pequenas grandes lições: que dinheiro se ganhava com trabalho, que a recompensa deve advir do esforço e de lambuja me ensinou, que para cortar lenha tem que se conhecer a água da madeira, ou seja, cortar no sentido em que crescem as fibras e não contra elas, isso torna o trabalho mais fácil.
Todos os exemplos emanados, aprendidos e compreendidos com essa atividade são imensamente importantes, mas o último proporciona um aprendizado especial, quando utilizamos a comparação, contextualizando-o a uma realidade aplicada as relações humanas, observa-se que tanto no corte das pequenas toras de lenha, quanto no trato com as pessoas é imprescindível conhecer a natureza delas, ou como dizia meu avô: a água da madeira. Isso aplicado ao decorrer da vida nos poupará dores de cabeça, muitos problemas e esforço desnecessário.