II UM TERRENO E SUAS “HISTÓRIAS” *... 8h53min.

Os inquilinos das duas singelas residências, iam se renovando, e os fatos acontecendo, em que alguns acabamos evidenciando e participando.

Na casa dos fundos, - início dos anos 70 – veio a morar um casal, já tinham alguns filhos, ele trabalhava de cobrador, ela diarista, e durante um certo período, até chegou a trabalhar em nossa casa.

Estava novamente grávida, o dia frio de inverno começara a amanhecer, quando bateu em nossa porta, aflita! Seu Saul, preciso ir ao hospital, pois a criança está quase nascendo. Lá fomos nós, a transportando, em nosso fusca. O marido ficou em casa, para atender as crianças.

Rapidamente chegamos ao hospital, - São Vicente – a mulher foi rapidamente encaminhada para os devidos atendiment6os, pois realmente a criança estava quase nascendo.

O sonho de seu marido era ser motorista, a princípio de ônibus, e quem sabe mais tarde taxista. Nas horas vagas “treinava”, a direção era uma tampa de panela, talvez o câmbio fosse um soquete de alho. Até não sei o que “emitiria” o freio e a embreagem...

Depois de muito esforço, finalmente conseguiu seus objetivos, durante um certo período foi motorista de ônibus e finalmente se tornou taxistas, e quando as coisas estavam melhorando, e, inesperado abandonou a esposa e filhos. Os reais motivos não ficamos sabendo, até não sei se dava alguma pensão aos filhos, mas tarde esta senhora foi para Minas, lá ficou um certo tempo, voltou para nossa cidade, e foi trabalhar durante um certo tempo na condição de mensalista, na casa de um dos irmãos da esposa, e acabamos não mais tendo notícias dela e sua família...

Certa ocasião, no começo da noite nossa filha estava chegando, em casa, quando viu uma moça chorando, quase defronte ao nosso portão, nossa filha conversou um pouco com ela, naquele momento estava sem trabalho, e gravida. Os moradores da casa, - da frente – o tratavam de modo hostil, pois não estava colaborando com aluguel e com a alimentação. Conversando com a esposa, a recolheram, na primeira noite dormiu na cama de nossa filha, no dia seguinte foram tomadas providência, para que as duas ficassem melhor acomodadas...

Daí para frente ficou conosco, colaborando com naquilo que fosse possível, devido ao seu estado, pois já estava no sétimo mês de gravidez. Finalmente, a criança nasceu, era uma linda menina, depois de mais algum tempo resolveu voltar para casa da mãe, nós a ajudamos na parte financeira. Anos depois veio uma carta em nome da esposa de cidade distante, era da menina que agora já estava com 16 anos...

Hoje passados tantos anos, isto veio em nossas lembranças, onde estará Maria, - este era o seu nome – e sua filha? Não deixa de ser a vida que vai escrevendo suas histórias, das pessoas anônimas que lutam, tem suas alegrias e sofrem, pois o espaço e tempo são inflexíveis, e deixam suas marcas, umas boas e outras nem tanto. 09h37min. Epílogo?

Curitiba, 20 de agosto de 2021 – Reflexões do Cotidiano – Saul

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Walmor Zimerman
Enviado por Walmor Zimerman em 20/08/2021
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