A mancada
A situação era ridícula. O tenente me pedindo desculpas: dava vontade de rir. Tive a todo o custo que evitar uma gargalhada.O que não podia fazê – lo. Aceitei – as, mas ainda assim pedi a permissão par representar contra ele.
O fato era grave. O oficial me destratou, sem a mínima razão, perante cinquenta recrutas. Estava totalmente descontrolado. Numa atitude impensada e comprometora, mesmo para um oficial do Quadro Complementar, um roda de ferro: chutou, após tirar de minha cabeça, a cobertura que eu usava. Sem ter curso na Escola Naval onde apenas aprendera Ordem Unida, portar uma pistola e ter rudimentos do regulamento, após alguns meses de formação. Montenegrofoi mandado para o Primeiro Distrito Naval, a fim de servir como candidato às fileiras do QC. Só após um ano na ativa poderia, sob observação, ser promovido e efetivado, como primeiro-tenente da Marinha.
O incidente se deu no alojamento do Primeiro Distrito Naval. Eu, que servia numa OM apoiada, cujas dependências eram diminutas, desconfortáveis e estavam lotadas recorri ao meu sargenteante do meu quartel e expliquei o problema. De imediato foi passada uma mensagem, solicitando ao 1º DN uma acomodação em suas dependências destinadas a cabos e marinheiros.
Não peguei uma cópia e foi o meu erro (infantilidade de boy), mas o tenente Montenegro também tinha uma parcela de culpa. Pois ao receber a mensagem, mandou arquivar sem responder, eximindo-se de sua responsabilidade. Contudo, depois de perceber a mancada grave ainda tentou pôr panos quentes. Eu não aceitei e levei o caso à frente, apesar de oito oficias me pedirem para deixar por isso mesmo.
Meu comandante me apoiou todavia, disse – me que era para eu fazer como reza o regulamento. E não como procedêramos (com ameaças recíprocas). Ao cabo o tenente e, sem o apoio de ninguém, pediu penico e fez o inacreditável: humilhou – se. pediu desculpas. Mesmo com todo o desdém! Um orgulho vaidoso que todo oficial é incentivado a ter em relação aos praças.