Cora coralina e seu tempo
Eu tenho nojo da hipocrisia brasileira. A hipocrisia é um mal terrível que até Jesus se ofendia com ela. Ontem eu estava ouvindo a senhora rede globo quando falaram da poetisa Coralina e eu fiquei a pensar da tamanha hipocrisia que se faz no nome de certos artistas neste Brasil safado que não respeita o verdadeiro valor ou olha apenas para a fama de quem tem dinheiro ou é de uma estirpe famosa. Qual a diferença de Cora Coralina para a senhora Rachel de queirós ambas artistas, ambas escreveram livros, no entanto a poetisa goiana veio aparecer quase no fim da vida quando tinha mais de noventa anos. Eu gostaria que o crítico de arte que sabe tudo me explicasse esse mistério. Cora Coralina não teve a ousadia da senhora Rachel de Queirós que se meteu no meio da vagabundagem artística para aparecer. A autora da Estória da Casa Velha da Ponte foi criar família, foi preciso trabalhar como doceira e não teve tempo para andar cortejando a glória como a outra escritora cearense fez. Com dezoito anos cora já escrevia e quando fez o seu primeiro livro tinha ela setenta e seis anos de idade. Qual é o sentido de elogiar Coralina após a sua morte, quando a poetisa se bateu tanto por apoio em vida e não encontrou nenhum? Morrendo ela quase aos noventa e cinco anos sem fama sem dinheiro e morando numa casa pobre na ponte do rio vermelho. Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, a velha poetisa goiana só ficou conhecida porque o poeta Carlos Drumond de Andrade deu o aval da sua obra sobretudo o livro de cordel. A nossa poetisa morreu para os ignorantes para mim ela está viva e ouvindo eu falar dela nesse instante. Eu tenho um grande respeito pela autora de Vintém de Cobre e de outros livros fantásticos que retratam o Brasil colonial. Ainda tenho vontade de um dia conhecer a terra natal da grande poetisa e sobretudo nossa irmã nordestina. Segundo Coralina o seu genitor era paraibano portanto é ela irmã nossa pelo sentimento e pela arte.