UM TERRENO E SUAS “HISTÓRIAS” ... 16h57min.

Moramos no mesmo local, perto de cinco décadas, do lado direito de nossa moradia, há um terreno, alguns anos está vaziou, mas nem sempre foi assim, quando aqui viemos morar lá havia duas casas, de construção singela, a “maior” ficava na frente e a menor na parte dos fundos...

Nunca ficaram sem inquilinos, a “renovação” era constante, pois nos anos 70, em razão da geada negra que dizimou os cafezais do Paraná, - em 1975 – houve uma migração, daqueles que trabalhavam nos cafezais, e repentinamente ficaram sem empregos, muitos vieram morar em nossa cidade...

Naqueles anos em que as duas moradas eram alugadas, sempre com novos inquilinos, apareciam, com os seus dramas e suas estórias de sofrida vida, se fôssemos sucintamente narrar dariam um livro, iremos nos ater a somente uns “causos”, de modo bem resumido, sem citar nome e datas, mas, confesso que são estórias verídicas, que não deixa de ser a vida centenas de brasileiros anônimos...

Durante um certo tempo, - na casa da frente – morou um casal, ele era gráfico, acabou também alugando a casa dos fundos. O casal tinha dois filhos, um menino de cinco anos, e uma adolescente, de outro casamento. Sem querer ouvir, havia muita discursões em voz alta, entre a mãe e a filha, e as palavras dita em tom alto, acabavam chegando em nossa casa. Não muito tempo depois a adolescente saiu de casa, pois arrumou um companheiro.

Com o tempo, o trabalho da gráfica foi escasseando os serviços, o imóvel dos fundos foi desocupado, o maquinário da gráfica foi vendido, tudo foi levado por um caminhão, que teve muita dificuldade em entrar pelo portão, de ré, pois o portão era muito estreito...

Acabou trocando de ramo, montou uma casa de embalagens, não muito longe daqui, na rua principal do bairro, - Av. Prefeito Erasto Gaertner - os resultados não foram tão bons como o esperado.

Ia até esquecendo, havia na frente desta casa, uma pequena varanda, local predileto do cão, um policial, que até era magro em demasia, cuja reais causas não sabíamos.

Inesperadamente, a esposa, foi para o Norte do Paraná, para casa de sua mãe, não muito tempo depois, ele veio conversar conosco: seu Saul, vou ter que fazer uma viagem, por alguns dias, para ir buscar a esposa, peço tratar e dar água a ele, - o cão – nos deixando um pouco de ração, o mesmo tinha um Chevette e lá se foi. Dias depois voltou, mas a esposa e nem o seu filho vieram com ele.

Talvez, desgostoso com tudo, acabou entregando o imóvel, segundo soube foi morar com sua mãe. Tempos depois apareceu alguém da imobiliário, querendo saber para onde teria se mudado, pois ficaram no imóvel algumas “pendências”, prontamente, dissemos que não sabíamos, e era realmente verdade. É a vida com suas estórias em os anônimos vão “escrevendo”, num “Mundo de Provas e Expiações.”17h43min. Continua.

Curitiba, 18 de agosto de 2021 – Reflexões do Cotidiano – Saul

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Walmor Zimerman
Enviado por Walmor Zimerman em 18/08/2021
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