"Amigos"
Foi chegar alguém de natureza mais curiosa e infantil que tomou postura de gente grande - grande era a gente que convivia, era o único pequeno da família. Naquele local (e naquele momento) seguiam todos se comportando igualmente, tal qual estava agora - mas não tinha total conhecimento da razão daquilo; muitas vezes, apenas imitava-os.
Bem atrás de si, outra família.
Essa era um pouco diferente: dois grandes e dois pequenos; um parecido consigo, mas um tiquinho menor. O que divergia mais era, além da aparência, o comportamento. O menino era barulhento, interativo e hiperativo. Isso tudo o fez calar e agir como adulto.
Não adiantou.
Os semelhantes-diferentes se "atraíram"; mas só por parte de um. Arrastou a cadeira para o lado daquele que antes chegara e tornou-o alvo de sua criancice. Lembro que passou um helicóptero na hora... Passou todo o restante da hora a falar sobre. E perguntava se o novo "amigo" tinha visto; não era respondido.
Aliás, assim foi até o fim.
O menor interagia de tantas e tantas formas diferentes e apenas recebia - às vezes - um olhar de claro incômodo; quem disse que percebia? O menino-adulto permaneceu tácito, talvez desesperado... A timidez lhe acertou em cheio...
Até chegar o momento de dar tchau...
Foi a parte mais engraçada daquilo. Observei os dois por todo esse tempo e, mesmo achando até irritante a barulheira que um só pingo de gente fazia, deixei-me rir pela cena: o pequenino resolveu despedir-se do amigo com um beijo na bochecha. O barulho exponenciou a situação. O quietonildo lançou um olhar bem mais nítido de agoniangústia.
E, mais uma vez, aquilo soou como uma forma amigável de comunicar-se.
Na saída, foi quase como uma bala para não ter mais de passar um tempinho sequer com ele. Mas, pôde ouvir, ao longe: - Tchau, amigo!