AFINAL, GOLPE... PARA QUÊ ?

OBS: entramos no Século 21 para ver, estarrecidos, o Brasil voltar ao Século 18, aos 1700 de ignorância e desconhecimento, o povo cheio de cismas, crendices e "simpatias", temendo gatos pretos e reles escadas. O que ouvi hoje entre "camelôs", todos sem máscara e entre 50 e 78 anos, é desalentador. Divulgado por um deles, eis a síntese do que corre "na boca do povo", na "Feira do PAAR", em Ananindeua, Pará:

1) dentro de 2 ou 3 anos o germe inoculado em nós pela vacina irá MATAR todo mundo. (Já ouvira isso numa lanhouse, o sujeito tinha um amigo na Aeronáutica (?!) e a tal "informação" vinha de lá e era segura.)

2) o presidente queria VACINA NACIONAL mas o "pessoa do PT" o OBRIGOU a comprar essas, pra faturar propina, na venda delas.

3) de um dos ouvintes... "essa vacina é pra matar todos os velhos, querem economizar no BPC, benefício. Felizmente Bolsonaro diz que "ninguém precisa tomar" !

4) se fosse NO TEMPO DO PT "nos obrigariam a tomar" e os governadores querem comprar vacinas pra DESVIAR dinheiro", citando o governador local com um dos interessados.

A "rodinha" continuou... me afastei dos 3, estavam sem vacina ! Como se vive num país "tão desinformado" das coisas mais triviais e, pior, com evangélicos a criar "águas sagradas" e "feijão milagroso" no lugar de vacinas ?! Note-se os prejuízos POR ANOS que o Brasil terá por causa de FAKE NEWS -- tanto as oficiais como essas, "amadoras" -- e todo atraso colossal que provocam.

E esse presidente tresloucado ocupando-se apenas da eleição de out./2022, com seus Generais (e almirantes) "brincando de carrinho" em Brasília e "de CAMÓY", a planejar um GOLPE... para quê ?! Mas, se com 1.600 ou 6 MIL militares atuando no Governo, o Brasil está "NESSA MERDA", um Golpe será apenas PARA CALAR quem ousa demonstrar a INCOMPETÊNCIA que grassa nos Quartéis. (NATOAZEVEDO - 14/8/21)

Abaixo, artigo publicado no DIÁRIO DO PARÁ, nesta sexta-feira, 13 de agosto de 2021:

COLUNA DESTA SEXTA (13/8/21)

Imagino, neste presente, como o mundo nos vê. Talvez se entreolhe e sinta vergonha alheia

AFINAL, GOLPE PARA QUÊ?

O país virou um Chaves – o seriado, não confundir com o finado Chávez; quer dizer, os dois são finados. E quer saber: pode confundir com os dois. Mas viramos um Chaves (o seriado) de palhaçada grotesca (mais para It, com a cara do Bolsonaro), sem sequer o humor de picadeiro que faz rir, às vezes pelo nonsense, do programa.

Esse presidente drena as nossas energias, desviadas para debater e defender setores nos quais temos, ou tínhamos (até que ele surgisse com sua sanha destruidora), excelência. O voto eletrônico. O SUS. Se tivéssemos à frente da presidência um homem sensato, civilizado, atento às complexidades, avanços e recomendações da ciência no acompanhamento da pandemia, o Brasil, mesmo com seus imensos problemas sociais, suas conhecidas desigualdades, não teria alcançado duzentas mil mortes pela covid-19 (e que ainda assim seria doloroso demais).

E não estou dizendo que esse presidente precisasse ser de esquerda, progressista. Podia ser de direita, conservador, de centro (não confundir com Centrão), liberal de verdade. Isso jamais impediria que esse hipotético presidente fosse um autêntico democrata, preocupado em oferecer à população o acesso às vacinas, servir de referência no uso de máscara, na adoção dos protocolos sanitários. E sem deixar, baseado em suporte científico, de buscar soluções para a retomada, reabertura das atividades, na indústria, na educação, nos serviços.

O que digo acima, diante do momento que padecemos, parece absurdamente utópico. Mas poderia ser a nossa realidade. E concentraríamos (sem desperdício com imbecilidades golpistas e negacionistas) o melhor dos nossos esforços para reerguer o país, o emprego, combater a inflação, promover a produção, o realinhamento do Brasil no cenário mundial.

O desfile dos mambembes blindados na terça-feira para entregar um reles convite a Bolsonaro deverá constar no futuro dos nossos registros históricos como um dos momentos bombasticamente bufo que antecederam sei lá o que virá em seguida, já que ainda estamos vivendo o dia a dia desse pesadelo. Mas imagino, neste presente, como o mundo nos vê. Talvez se entreolhe e sinta vergonha alheia.

Falei a respeito do que virá. Digamos que já estamos vivendo o golpe, seja no molde clássico ou pelo viés da bizarrice circense ensaiada pelo Trump ao perder as eleições. Bolsonaro facilitou o acesso às armas, das milícias a motobabacas. E assanha as diversas polícias. A ele basta que disparem tiros, arruaceiros conquistem as ruas, e o caos se instale. É assim que ele governa. As ruas conflagradas lhe darão o mote para a convocação do golpe, da “ordem”.

Mas, afinal, golpe para quê? O país vive uma bagunça fiscal, sobrecarregado por truques orçamentários (está aí o “tratoraço”, mamado do orçamento secreto). E ainda serão apresentados ao Orçamento-Geral da União o acerto de contas do Auxílio Brasil e as isenções fiscais. Temos a reforma tributária com perdas previstas para Estados e municípios. Recorrer ao parcelamento dos precatórios é só a ponta do iceberg para cobrir o que, literalmente, se descobrirá.

Sem falar na inflação, nas crises hídrica, energética, ambiental, educacional; mais o desemprego, a miséria que já nos cerca a cada passo, a cada sinal de trânsito. Regendo o caos, o mais incompetente e celerado dos presidentes que já tivemos o infortúnio de nos governar.

O problema não é (só) o golpe. É o depois do golpe. Para quê? A não ser que tenha gente correndo na raia de fora para dar o golpe no golpista. (ass: ELIAS RIBEIRO PINTO - jornalista)