A AREIA ÚMIDA DA PRAIA

A AREIA ÚMIDA DA PRAIA

Perambulando, flanando, sem preocupações.... Sentindo em meus pés a areia molhada e, de vez em quando, uma ondinha os acariciando... O sol ainda não chegou ao seu calor máximo, mas se faz sentir em meus ombros. Que sensação maravilhosa de plenitude.

Súbito acordo, abro os olhos e estou em meu quarto, ouvindo o celular insistente me chamando. Serginho não resistiu à Covid, que já havia levado seu irmão, há um ano.

Como podemos, num verão próximo, readquirir esta sensação maravilhosa de lazer, que a estação quente sempre nos trazia? Como viver com a leveza dos sonhos, não adormecida, mas bem acordada, usufruindo do puro prazer de estar viva?

Tudo aconteceu tão rápido, em pleno carnaval de 2020! Parecia enredo triste de Escola de Samba a dura realidade que se apresentava. Vidas começavam a serem ceifadas. Esparsas mortes no princípio e aos montes nos dias de hoje.

As vacinas foram descobertas, como por um milagre, em seis meses. Começaram a ser fabricadas. Depois distribuídas para os países ricos. Aos poucos foram chegando também a nós...

Nos animamos todos. Em breve tudo voltaria ao normal... As máscaras seriam novamente adereços de carnaval, quando a tragédia começou... Pensaríamos: foi uma brincadeira maldosa do destino, como o lança-perfume nos olhos. Não foi...

Começaram a surgir as variantes Alfa, P1, Delta... Meu Deus, quando tudo isso vai acabar?

A dura realidade é que no espaço de um ano perdi dois sobrinhos de coração, tão mais moços do que eu.... Vejo nos jornais notícia da morte de personalidades que haviam tomado as duas doses da vacina....

Quero voltar a caminhar na areia úmida da praia, num dia de verão, mas não consigo nem adormecer....

Gilda Porto
Enviado por Gilda Porto em 14/08/2021
Código do texto: T7320606
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