Morrendo de saudade
Quando chegou em casa, encontrou uma carta que o carteiro enfiara por debaixo da porta. Era de sua mãe. A terceira em menos de uma semana. Ah! Mães. Todas iguais. Deixou a carta sobre o sofá e foi tomar banho, pois, estava muito cansado e fazia muito calor.
Depois do jantar lembrou-se da carta e apanhou-a, se dirigindo para o quarto. Deitado confortavelmente, em sua cama, abriu o envelope imaginando o conteúdo da carta, pois, todas eram mais ou menos iguais. Não se enganou: o assunto era o mesmo e dizia que sua mãe estava morrendo de saudades sua e pedia para que ele, pelo menos escrevesse uma carta para ela, contando como estava. Depois de ler, guardou a carta junto com as outras na gaveta do criado. Surpreendeu-se ao ver que a gaveta estava cheia. Não se lembrava de ter recebido tantas cartas. Levava uma vida tão corrida que não havia prestado atenção nesse fato. Mas tudo bem, semana que vem iria escrever para a mãe e no mês seguinte iria fazer-lhe uma visita de surpresa, se as coisas melhorassem lá no serviço.
Certa manhã, o telefone tocou bem cedo o acordando. Levantou, ainda meio tonto e foi atender. Era sua mãe. Estranhou o fato, pois, ela raramente ligava.
— Meu filho, estou morrendo de saudade de você. Quando é que você vem me ver. Seu pai também está sentindo muito a sua falta.
— Mamãe estou trabalhando muitos esses dias e a empresa está com um projeto muito interessante. Eu não posso me ausentar agora. Mas mês que vem eu prometo que irei visitá-la. Está bem?
— Mas meu filho eu estou morrendo de saudade de você.
— Tudo bem mamãe eu compreendo. Mês que vem eu vou, tá legal?
— Tá bom meu filho. Não sei se eu vou aguentar.
— Aguenta sim mãe. Agora preciso desligar. Um beijo e um abraço.
Passado alguns dias, recebeu um telefonema de seu pai dizendo que sua mãe estava morrendo de saudade dele. Falou com seu pai que iria dar um jeito de ir visitá-la na semana que vem. O projeto da empresa já estava bem adiantado e com certeza daria para ele ir. Não deu.
Na semana seguinte, recebeu um telegrama de seu pai. Logo pensou: porque ele não lhe ligara? Estranho. Abriu o telegrama meio intrigado e leu:
“Meu filho sua mãe morreu de saudade de você. Aguardo seu telefonema. Um abraço.”