Naquele Dia Adriele Só Chorava
Por Nemilson Vieira de Morais (*)
Adriele da Comunidade Itapajós buscou por socorro ao Pai Marcos, ontem 8/8/21, no momento em que fazia uma das suas rotineiras lives.
Sem dinheiro para o transporte caminhou uns doze quilômetros, da casa da mãe até chegar à sede do projeto “Pai Resgatando Vidas”, à Av. Joaquim Nabuco, 409 — centro de Manaus.
— Num pranto sem fim, em lágrimas sentidas, ininterruptas. Nada conseguia cessar a sua crise de choro. Eu nunca havia visto uma coisa daquela!
O Pai apareceu para o socorro! Tentou a todo custo entender o que acontecia com a moça. Já lhe haviam fornecido uma porção de alimento num prato, mas, não conseguiu alimentar-se e fora devolvido quase por intacto. — Àgua ainda bebia à conta-gotas, num enorme esforço, nos intervalos dum soluço e outro; a tremer as mãos agarradas ao copo.
Com um pano enxugava as lágrimas que caíam incessantemente a incomodar o Pai: “Para de esfregar os olhos filha”.
O que o Pai mais desejava (pelas palavras, preocupação, providências tomadas diante daquela situação), era entender o que acontecia com a garota e, pensar numa possível resolução da problemática…
Cogitou em leva-la ao pronto-socorro de imediato (pela carga emotiva que aparentava), mas, a 'paciente' já estava no lugar certo para a estabilidade do seu quadro emocional.
— Nada melhor que o carinho, o apoio, a tranquilidade, a confiança que o bom salvador passa a alguém necessitado duma guarida.
Ao pensar no pior recorreu a um aparelho de aferição de P.A. (Pressão Arterial). Feito os procedimentos, saltou aos olhos um registro de 13 ×… e procurou acama-la.
Continuou preocupado com aquela situação e tentava ouvir dela algo que lhe desse um norte a seguir, uma diretriz a traçar… Até então não sabia do quê se tratava.
A moça desconsolada, só chorava, a dizia coisas imperceptíveis. Sentada no sofá da sala da recepção; acalentada pelo Palhaço (um integrante da casa, em tratamento).
Até que o Pai conseguiu saber o seu nome: Adriele. Pediu-lhe o número do telefone da mãe, que, com dificuldades relembrou e lhe repassou.
Feito de imediato a devida ligação... — A luz no fim do túnel começou a clarear gradualmente…
— A D. Lucilene (a sua mãe) atendeu o chamado e fez uma sinopse da história da família. Contou ao Pai sobre o seu grave quadro de saúde, a viver num estado vegetativo. — Falou de si e da filha querida.
De maneira que ficou entendido do que se tratava. Ao dizer serem as duas, usuárias de drogas (a maldita pedra, o craque).
A princípio o Pai imaginava da Adriele não usar essa droga. — Pelos dedos não estarem tão impregnado da cor característica da substância alucinógena citada.
Após as informações da mãe, Adriele fora acolhida imediatamente na sua casa do Pai.
Providenciou-lhe de início um banho, roupas novas, cama e cobertor macio, para o descanso do corpo.
No dia seguinte do acolhimento, no café da manhã, em volta da mesa, mais refeita, a Adriele já pôde esboçar um leve sorriso e ganhou mimos do Pai (mais vestimentas novas) que ganha dos internautas para esse fim.
À tarde visitou à mãe com o seu segundo Pai (o Marcos) e outros integrantes do projeto.
Deitada numa rede a D. Lucilene, mesmo debilitada pela doença demonstrou uma ponta de alegria pela visita e o resgate da filha.
Mostrou-se receptiva e uma sacola cheia de caixas, frascos, cartelas de medicamentos que tomava.
Na sequência do diálogo com o Pai revelou que aos 54 anos sofrera um I.A.M (Infarto Agudo do Miocárdio), que a Adriele era uma boa pessoa, trabalhadora; trabalhou como cuidadora dum idoso.
— Que vendera a própria casa e gastou uma parte considerável no seu tratamento, a outra esvaiu-se noutras demandas…
Que a filha devia ao tráfego um montante de trezentos reais e nem uma, nem a outra contavam com essa cifra em mãos, para a quitação da tal dívida. -- Teriam somente até o dia seguinte para o acerto dessa dívida.
O Pai Marcos se prontificou a resolver essa parte a quem de direito e ajudar na compra dos medicamentos…
Abençoou aquele lar com uma linda cesta básica e teve que retornar ao projeto com urgência, pois, já havia surgido mais problemas na casa, para serem equacionados por ele.
Dia onze (11) quarta-feira o Pai Marcos fora às praças da região central de Manaus para a costumeira distribuição da sua sopa e pediu ao filho Wilson que fizesse o mesmo na Comunidade Tapajós.
Por lá, numa recepção festiva, se via um saltitante contingente de homens, mulheres e crianças com os seus vasilhames nas mãos para receberem o delicioso alimento ainda quente feito com muito amor a eles. — Estima-se terem distribuído um montante de 800 sopas aos moradores locais nesse dia.
*Nemilson Vieira de Morais
Gestor Ambiental/Acadêmico Literário.
Texto com base nas 'lives' do Marcos Bastos/diretor do projeto Pai Resgatando Vidas.
(9:08:21)