As lições que as Olimpíadas nos deixaram

Desde sempre eu me interesso por ocultismo.

Mas não só o ocultismo presente nos conhecimentos humanos filosóficos e iniciáticos espirituais, mas nas coisas “ocultas” do dia a dia nosso!

Poderia chamar esse pendor de minha parte como gostar de perceber as “entre linhas” de cada discurso! De cada situação!

Ou seja, conhecimentos não óbvios de mensagens!

Percepções que num primeiro momento nem todos se apercebem!

Algo como procurar olhar vários lados de uma mesma questão!

Eu sou assim muitas vezes.

Muitas vezes procuro perceber o “não óbvio” de certas questões!

E aqui farei uma análise dessa forma, sobre as lições que esse evento mundial, as Olimpíadas do Japão de 2021 me deixou. Nos deixou!

E que até agora, não vi ou não li nenhum comentário com essa visão! Até agora, pelo menos!

Quando penso, falo ou escrevo sobre lições que esse grande evento mundial esportivo me deixa, nos deixa, lógico que tem a questão da garra, perseverança e a superação de vários atletas, de vários países.

Muitas são as histórias de superação!

Superar dificuldades econômicas por exemplo. Nem todos os atletas possuem patrocínio no seu país! Muitas vezes nem da família! E são obrigados a “batalhar” condições financeiras que permitam a participação num evento dessa magnitude!

Dinheiro para as viagens, por exemplo!

Para os materiais necessários para a prática do desporto!

Todos sabemos que a questão financeira influi muito na participação e até na qualidade das performances!

Dinheiro para os treinamentos de alto nível, sendo que no caso do Brasil, muitos atletas se veem na necessidade de irem treinar e outros países, com melhores condições!

Então sabemos que é uma superação, conseguir essas condições de treino para atingirem o alto nível da competição! Só para participar!

Quando se fala então em medalhistas, mais ainda o investimento, óbvio!

Quando falamos em superação, tem o aspecto médico e físico dos atletas, que tiveram que superar lesões, por exemplo! Cirurgias e recuperação para poderem chegar nessa olimpíada.

Quando falo em superação, me lembro dos “novos” esportes agora considerados como “olímpicos”, como o surfe e skate!

Que tiveram por exemplo que superar o preconceito contra aqueles que não consideram um esporte “de fato”.

Todos sabemos que há uma imagem negativa e preconceituosa nesses esportes! Que espero sinceramente que mude essa visão!

Quando se fala então em meio de vida, de subsistência, certos esportes provocam aquele pensamento: vai viver de que? Do esporte? (muitas famílias se portam assim, infelizmente!). Questão de cultura e crenças limitantes.

Muita gente, muitas famílias desejam que seus filhos tenham uma carreira de sucesso, que ganhem dinheiro, fama e não imaginam que isso possa vir através do esporte!

Dos esportes chamados amadores por exemplo!

Por que sabemos que vôlei, basquete e futebol (para citar alguns) há um profissionalismo dos seus atletas (ou seja, são remunerados, ganham a vida com isso!)

Em outros esportes, as pessoas trabalham com outra profissão para se sustentar e ainda praticar o esporte!

Isso é superação!

De pessoas que não vivem do esporte! Monetariamente falando!

Vivem para o esporte de alma, mas tem os óbvios obstáculos de patrocínio!

Há esportes por exemplo que só pessoas advindas de uma elite cultural, econômica e financeira com bases sólidas (famílias ricas) podem praticar. Como exemplo o hipismo!

Muitos atletas sofrem de um preconceito que percebo também nos músicos!

O que você faz da vida? Sou atleta! Sou Músico!

Ok, mas e para ganhar a vida? O que você faz? Como se fosse absolutamente impossível se manter financeiramente através dessas atividades! Pode ser difícil, eu sei! E é! Mas não impossível!

Todos sabemos que na verdade, a grande maioria não ganha a vida com o esporte (ou a música!).

E brilhar apesar dessas adversidades é uma lição de perseverança! Garra! Competência! Esforço! Dedicação extrema! E amor pelo que se dedicam!

O quanto não abriram mão para estarem ali competindo! Isso é uma grande superação, sem dúvida!

Ainda no quesito superação (uma das lições óbvias das olimpíadas), é do esforço pessoal para chegar a competir (e quem sabe até ganhar uma medalha) tendo hoje a realidade mundial da pandemia do Covid 19. Que mudou todo o planejamento dos treinamentos!

Mudou até a data da olimpíada! Que deveria ter ocorrido segundo o calendário, no ano passado, como todos sabemos!

Imaginem então a superação desses atletas. Com mais essa (grande) adversidade!

Atletas que pegaram covid ou que fugiram dessa doença, para estarem aptos, treinados e pronto para participarem das competições!

Sim, superação é a palavra que mais sobressai quando falamos em Olimpíadas, certo?

Eu poderia parar meu tema por aqui tranquilamente!

Pois superação sem dúvida é (se não for o maior) um dos maiores ensinamentos deixados por essa competição mundial!

E o que nos fascina, nos atrai!

E por isso muita gente ama assistir as olimpíadas!

Vibramos, torcemos, nos emocionamos quando há uma premiação!

Não importa que seja terceiro lugar, medalha de bronze... é a vitória da superação!

E nós todos nos envolvemos, amamos a história de superação!

Nos identificamos em algum nível!

Nos agrada!

Pois sem dúvida, torna a vitória mais saborosa!

E deve sim ser comemorada! Muito!

Mas teve outra coisa que me chamou muito a atenção durante as competições! Para nos provocar reflexão e adquirir um conhecimento sobre! Uma lição, diria! Lição para estudarmos mais profundamente.

Um fato aparentemente isolado, mas que se procurarmos investigar, entender a questão, veremos que ele é antigo! E recorrente! E preocupante!

É a questão da ginasta americana Simone Biles que deixou de participar da competição!

Alegando que com aquele ato, com aquela decisão ela estaria preservando sua “saúde mental”!

Todos que acompanham as notícias souberam disso!

Foi amplamente divulgado pela mídia!

Antes de prosseguir, permitam-me uma ressalva sobre o tema.

Foi amplamente divulgado que ela não participaria por questões de saúde mental, certo?

Eu entendo como (talvez) equivocado o uso de saúde mental, e prefiro o de saúde emocional! No caso específico! Mas veja, essa é uma impressão minha! Não tenho como provar cientificamente! Portanto minha exposição é no campo da suposição e da reflexão!

Vou explicar.

Quando uma pessoa tem algum tipo de desordem mental, quando se fala de saúde mental, a quem ela recorre? A um psiquiatra. Um médico, um profissional graduado em medicina e com residência em psiquiatria. É responsável por diagnosticar e tratar todas as questões de ordem mental, como dependência química, depressão e ansiedade, por exemplo. Ou seja, esse tipo de profissional vai analisar o comportamento da pessoa como uma “doença”, como uma falha ou disfunção biológica, ou neurológica, e poderá ministrar medicamentos para tal.

Será que o caso dela é mesmo mental? Ou psicológico?

Quando os problemas de ordem emocional passam a interferir de forma recorrente nas atividades rotineiras da pessoa, quando a insônia, a ansiedade, a depressão começam a ser frequentes ou as mudanças ou estados de humor interferirem no trabalho e na relação interpessoal, tem-se um ponto de alerta. Que pode ser analisado por um médico, por um psiquiatra, sem dúvida! Que irá ministrar medicamentos para combater os sintomas e reequilibrar a pessoa!

Como a pessoa é uma atleta, de alta performance, me parece lógico que ela não venha (pelo menos durante as competições) tomar os medicamentos possíveis de serem ministrados, até por questão de “doping” e influência na performance!

Me parece um serviço para um psicólogo ou um analista (psicanalista), para trabalhar nas questões emocionais e não de saúde neurológicas.

Sei que muitas vezes de acordo com o caso a pessoa se trata com ambos profissionais psiquiatra e psicólogo! Com o psiquiatra através de medicação para refrear o momento de crise, o momento de sofrimento agudo e o psicólogo para um trabalho mais profundo para pesquisar as causas emocionais e trabalhar numa recuperação e equilíbrio emocional. Sim, ambos podem trabalhar num paciente de forma multi disciplinar!

Diane do exposto, entendo que o caso dela (de novo, uma suposição somente) seja psicológico e, portanto, emocional! E não de desordem mental!

Até pelo exposto pela atleta, por estar sofrendo muita pressão por resultados, pressão que a afetou profundamente e emocionalmente! Que a fez refletir (de uma forma corajosa, diga de passagem!) e declinar da possibilidade de competir. Para preservar sua saúde mental (palavras dela e da mídia) que eu prefiro entender como emocional!

Como disse, essa é minha percepção sobre o caso!

Mas de verdade, não importa se ela sofreu de desordem mental, emocional ou tudo junto e misturado!

Importa que ela se manifestou a respeito!

De uma forma corajosa!

Porque ela era indicada (e dada como certa pelos analistas) como a grande vencedora de medalhas na ginástica artística.

Por ser a atleta mais esperada, mais observada na competição!

E foi justamente essa alta expectativa que a derrubou!

Que a fez desistir de competir!

De uma certa forma vemos os atletas como heróis! Como “deuses” do “olimpo” (daí o nome olimpíadas). Como inabaláveis emocionalmente em busca do seu objetivo, a medalha olímpica!

E muitos se chocaram com a desistência dela! Justamente por crerem ser os atletas seres “sobre humanos”, super dotados! Acima de quaisquer problemas!

Não! Não mesmo! São humanos!

As lições decorrentes dessa situação? Muitas!

Por exemplo a de que são humanos e sim, sofrem emocionalmente desgastes de um nível tão alto quanto suas performances!

Que a partir de agora, em todas as modalidades esportivas, possam incluir (até obrigatoriamente) nas equipes profissionais de saúde mental e emocional.

Para proteção e preservação do atleta!

Que a lição que fica é que o atleta precisa de técnico, massagista, fisioterapeuta, etc... mas precisa de um terapeuta para cuidar da parte emocional!

Até por questões de performance.

Por que tantos atletas com alta capacidade técnica chegam na hora da competição e falham? Erram? Não conseguem refazer aquele movimento que repetiu com perfeição um milhão de vezes nos treinos? Por que motivo?

Por questões emocionais! Fato!

Então que essa lição fique! Todos os atletas precisam de cuidado emocional! Mental! Psicológico!

Imagina quantos atletas anteriormente não sofreram questões emocionais?

E dada a responsabilidade que carregavam nas costas (da alta performance) sofriam!

E se errassem, eram consideradas como “fracas”! Derrotadas!

Sim, pois não só no esporte, temos um estigma de que a pessoa que sofre de problemas emocionais (ansiedade, depressão, insegurança, medos, etc.) a consideram fraca!

Então é hora de deixarmos essa crença negativa para lá!

Todos nós precisamos vez por outra de um terapeuta, para questões emocionais que sozinhos não conseguimos lidar!

E por orgulho, vaidade, medo da exposição ou críticas, não procuramos ajuda psicológica!

Chega de considerar quem procura um terapeuta como louco, doente ou fraco!

A OMS (Organização Mundial da Saúde) mostra repetidamente os níveis de stress da humanidade! Ansiedade, depressão, suicídio... toda uma gama que distúrbios emocionais. Que precisam ser apreciados, tratados com mais respeito e menos julgamento!

Todo mundo precisa ou precisará de terapia mais cedo ou mais tarde!

Até porque a ciência hoje diz que a causa de todas as desordens de saúde, todas as doenças tem fundo emocional! Tem causa no emocional!

E no caso de esportes de alta performance, não adianta um atleta ser “super” na sua categoria, se o emocional está abalado! Prejudicado!

A lição maravilhosa que Simone Biles nos deixa!

Que precisamos cuidar da nossa saúde mental! E emocional!

Afinal de contas a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1946, definiu saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas como a ausência de doença ou enfermidade.

Se atletas são modelos de saúde a seguir, que eles tenham a saúde emocional monitorada!

E respeitada!

A atitude da atleta americana agora abre um precedente positivo (assim espero) que providências sejam tomadas nesse mister.

Essa para mim foi a grande lição que percebi nessas incríveis olimpíadas!

Lição que devemos utilizar na verdade com todas as atividades e profissões!

Pensem comigo, quantas profissões não precisam (e muito) de acompanhamento psicológico!

Imaginem por exemplo os profissionais de segurança pública, ou como preferir chamar, os policiais. Com o que eles lidam dia e noite, não deveriam ter um acompanhamento psicológico mais intenso, presente e mais efetivo?

Um bombeiro cuja missão é salvar vidas, e no exercício da sua função, por fatores alheios ao seu treinamento e competência veem pessoas morrerem em sua frente.

Médicos, cirurgiões cuja missão igualmente é salvar vidas e as perdem... não deveriam ter um acompanhamento emocional? Psicológico?

Pessoas que trabalham com atendimento ao público de alguma forma, tem muito estresse, não é?

Professores tem uma vida corrida, estressante, não só com o compromisso de ensinar, mas hoje até enfrentando violência e agressividade dos alunos.

Se eu for me alongar aqui em achar exemplos, vou ter que falar de todas as atividades e profissões!

Todas têm seu fator de cobrança, estresse e expectativas.

Todos os profissionais deviam ter a possibilidade de ter um psicólogo à sua disposição!

Toda empresa “a priori” no seu departamento de RH tem psicólogos para avaliarem os novos contratados, certo?

Deviam ter então psicólogos para acompanhar o desenvolvimento da pessoa humana na empresa!

Sem falar os problemas pessoais individuais (casa, família, filhos, dinheiro, aluguel, alimentação, educação, transporte, segurança, relacionamentos, etc.) que toda família passa e provoca distúrbios emocionais! Que sem dúvida afetam a saúde e o trabalho da pessoa na empresa.

E quantas empresas ainda não tem o pensamento errôneo, a crença negativa que a pessoa que precisa ou procura ajuda psicológica é menos! É fraca? O que acontece? As pessoas (quando o fazem) procuram de forma velada! Escondida!

Imagina, todos saberem que faço terapia? Vão me considerar uma pessoa fraca! E uma profissional que não gera confiança!

Quantas pessoas não deixam de procurar terapia por crenças limitantes, errôneas e arcaicas!

Sejam crenças machistas (homem não pode ser sensível, chorar, sofrer, etc.), sejam crenças limitantes no aspecto empresarial?

Lendo meu texto, pode pensar que sou um psicólogo defendendo a importância da profissão! Fazendo “marketing” em cima das olimpíadas!

Não sou psicólogo!

Mas amo a psicologia, a psicanálise, a filosofia... amo a mente humana!

E como escritor me valho desses conhecimentos e pesquisas para me pronunciar e provocar a reflexão com meus textos!

Sim, sou uma pessoa interessada na psicologia! Nas terapias comportamentais.

Porque vejo primeiro como uma ferramenta de autoconhecimento.

Também como ferramenta de desenvolvimento e evolução pessoal! De buscar maturidade e crescimento pessoal! De adquirir sabedoria, paz e harmonia para entender o fluxo da vida!

Ferramenta para nos trazer de volta ao equilíbrio emocional! E paz! E harmonia!

Já recorri várias vezes à terapia e me valeu muito!

Por isso indico! Por isso defendo a terapia!

E por isso, o caso da Simone Biles me chamou muito a atenção!

E que essa lição possa renovar muitas profissões e atividades, buscando a prevenção da saúde emocional, psicológica!

Muitas lições observando as olimpíadas!

E para finalizar, outra lição.

Óbvia ou não, mas muito importante!

A “união”!

A união de povos por um objetivo comum!

As olimpíadas tiveram como sede dessa vez o Japão, mas todas as nações contribuíram!

A mostra, a prova que quando se unem pessoas de todas as raças, cor, sexo, credos, religiões, convicções políticas, times, opções sexuais para um bem comum, todos saem vitoriosos!

Sem questões de vitimismo, cotas, minorias...

Não é à toa que tradicionalmente esse evento começa e termina com uma grande festa!

Uma celebração! Uma grande confraternização de povos!

Que vem nos lembrar da força da união de todos no planeta!

E que a sobrevivência, a permanência e a saúde física, mental, emocional e espiritual de todos nesse lindo planeta azul, importa!

Vidas humanas importam!

E quando há esse encontro de interesses, essa união, solidariedade e esforços comuns... o vencedor da melhor medalha, do melhor troféu não é ninguém mais que a humanidade!

Mauricio Franchi (Veeresh Das)