Mini crônica: Alma de artista

Já havia composto trezentas canções, mil e quinhentas crônicas e dois mil poemas para nada.

Isso mesmo: para nada. Também não era bem assim; algumas canções já eram conhecidas e cantadas por alguns amigos. Alguns poemas também, mas as pobres crônicas não. E isso para ele , naquele momento, parecia nada.

Outras coisas também, de vez em quando, lhe pareciam nada: o dia, o trabalho, o mundo , a vida e no entanto ele continuava a viver e até gostava ; então continuaria a compor e a escrever, pensou.

E viveu assim por muito tempo; compondo, escrevendo e vivendo, e de vez em quando, achando que era para nada. Entrou em diversos concurso de poesias e de crônicas, mas nunca ganhara algum; e engraçado: não as achava tão ruins assim. Devia estar maluco.

Um dia, seu corpo cansado de viver, morreu e sua alma cansada porém leve, subiu. Não se podia afirmar com certeza que fora para o céu. Fora uma pessoa humilde e generosa mas não soubera colocar em prática a sua bondade nem a sua humildade; como acontecera com as suas canções e seus versos.

Mas aconteceu que seu filho pegou suas canções, suas crônicas e seus versos e mostrou para muita gente e uma delas, muita rica, gostou e mandou publicá-las por todo o mundo. Então tornou-se ele, um artista muito conhecido e famoso, e sua alma — agora no céu — descansou.