As Cores e Eu
O vermelho é minha cor favorita, ela combina com minha personalidade.
Sou uma pessoa apaixonada pela vida, sanguínea. Sensível e impulsiva. As rosas mais belas para mim são as vermelhas, as frutas mais gostosas também, as roupas, bolsas, sapatos e armações de óculos idem. Acho extremamente exóticas as pessoas ruivas com suas lindas cabeleiras cor de fogo, creio ser um diferencial que atrai a atenção de todos. Apesar do sangue nobre ser considerado “azul” (até parece, na verdade eles eram tão desbotados que as veias azuis apareciam), a indumentária da realeza bem como a decoração de seus palácios nunca dispensou a luxuosa cor vermelha, vide os metros e metros de tapetes rubros por onde quer que passassem (era a cor da nobreza porque à época custava caríssimo tingir tapetes de vermelho). Eu seria bem capaz de pintar uma parede vermelha na sala da minha casa, porém dizem que não traz harmonia, afinal é a cor do planeta Marte, nome do deus romano da guerra. Sem dúvida é uma cor charmosa e lânguida.
Longe de mim negar que todas as cores são belas, são maravilhosas conferindo variados prazeres à nossa vida, uma festa para os olhos. O preto e branco imperou no cinema e nos canais de televisão lá nos primórdios quando a tecnologia não era avançada, cedendo lugar às cores vibrantes para o deleite de todos. Tenho vaga lembrança que as famílias costumavam prender celofane colorido na tela de suas televisões na esperança de torná-las mais atrativas antes da popularização da tevê colorida no início da década de 1970. Improviso total.
Minha segunda cor predileta é a preta. Misteriosa, elegante, estilosa. Os felinos de pelo negro são os mais belos desde o gato até a pantera, evidentemente é uma opinião pessoal (mas compartilhada por muita gente). Qualquer roupa preta é bonita não importa o tecido (além de causar ilusão de afinar a silhueta), na decoração é um charme, em automóveis é austero, mas irresistível. Vale acrescentar que para as Leis da Física o preto não é uma cor porque não reflete luz, ele representa a ausência de cor, mas considero isso um preciosismo e dou sim licença poética para o preto ser uma cor (quanta pretensão a minha). E antes que alguém diga que é a cor da morte e do luto, para mim não o é, o sentimento de perda não se expressa em cores, é simplesmente um estado de espírito. Aliás, em outras culturas a cor do sofrimento pode variar muito. Resumindo minhas duas preferências dá para notar que sou flamenguista, e com orgulho.
Depois dessas não há ordem de preferência. A cor azul é belíssima e vibrante formando um belo par com a verde na paleta de cores que Deus escolheu para criar a natureza, vide as florestas e praias pelo mundo afora. E tem o branco, que, dizem novamente os físicos, não pode ser considerada uma cor. Imagine. O silêncio, a paz e a pureza não poderiam ter outra cor que os representasse. O amarelo, outra cor primária como o vermelho, é energia, força, claridade, uma cor fundamental para alguém ser feliz.
Acredito na cromoterapia, sou um pouco esotérica e acho que as cores são capazes de estimular sensações agradáveis e curativas, assim como os sons. Acho até mesmo que alguns sons estão associados à determinadas cores e isso não é viagem da minha mente, há profusão de trabalhos científicos a respeito.
Certa vez me disseram que a cor marrom não me caía bem, nem liguei, afinal uso todas dependendo da ocasião. Marrom e todos os tons terrosos a meu ver remetem às nossas raízes e ao quanto somos humanos, indissociáveis da natureza em todo seu esplendor. Aliás, a meu ver, o privilégio de poder enxergar é o maior presente que o Criador nos deu, o sentido que valorizo mais. A gente carrega no coração todas as cores dos lugares por onde passou ao longo da existência e isso é mágico. Sei que um dia não estarei mais por aqui, quem sabe volte numa alga bem verde ou num raio amarelo de sol, de preferência quando ele estiver se pondo, assim poderei vestir novamente a cor que mais amo, vermelha.