AMOR LITERÁRIO.

O primeiro presente de que tenho lembrança de ganhar é de uma caneta esferográfica, cor vermelha, na época era um presentão. O meu avô materno foi quem me deu. Amei-a tanto que comecei a rabiscar imediatamente, rascunhando em uma folha de papelão o esboço do que seria as minhas primeiras letras e desenhos. Não sei dizer o motivo que fez o meu avô presentear-me com uma caneta, fato é, que aquele simples objeto era algo extraordinário para mim. Nascia ali o amor pela escrita. Rabisque quase tudo, de papéis velhos a paredes, o que é claro deixava a minha avó muito irritada, essas e outras eu aprontava na casa dela, porém, ela nunca deixou de me incentivar e elogiar os meus garranchos.

Talvez a explicação para amar as palavras venha da minha mãe. Quando eu ainda era formado em seu ventre, ela passava horas e horas lendo vários livros, 'Sabrina' entres outros, de autores americanos, literatura de banca de jornal. Essa identidade literária foi passada para mim geneticamente. Quando ainda criança, um dos meus estranhos hábitos era o de comer jornal — é isso mesmo caro leitor — eu devorava jornais, tinha fome pelas palavras, literalmente. A paixão se intensificou quando fui para escola e descobri a beleza de ler e escrever.

Quando me mudei de Minas para São Paulo, um retorno para casa dos avós, descortinava-se um mundo novo diante de meus curiosos olhos. A escola, o colegial, a cada aula, a paixão pela literatura transformam-se em amor. Eu já ensaiava os meus primeiros versos nessa época, descobri Castro Alves, Fernando Pessoa, José de Alencar, Machado de Assis. Foi com esses gênios que o amor pela literatura e pela palavra escrita criou raiz na minha alma. Nascia os meus poemas embalados por Pessoa, também Álvares de Azevedo. Eu desejava ser como eles, imitá-los verso a verso. Ainda guardo alguns poemas. Versos simples, quadras rimadas, sonetos… Enfim, a cada poema eu queria mergulhar um pouco mais fundo.

Recentemente, ao fazer uma visita à casa de minha mãe, entre uma conversa e outra, lembrando de alguns momentos do passado, ela recordou-se de que havia guardado o meu primeiro caderno de poemas. Evidentemente eu não poderia deixar de implorar-lhe para trazê-lo aos meus domínios. Ela justamente estava esperando o momento certo de devolvê-lo. O caderno, na verdade, um livro ata, de duzentas folhas, está repleto de incontáveis poemas e pequenos textos, uma verdadeira pérola. Alguns dos poemas daquele livro foram reescritos em meus livros, outros ainda não foram retrabalhados. Desejo ainda extrair dali outras pepitas preciosas.

A literatura é o grande amor da minha vida e sempre será. Escrever é como respirar e comer, não consigo viver sem. Tenho alguns títulos publicados no Clube de Autores. Entre Romances, Contos, poemas, uma novela policial. Na gaveta tenho dois romances, um livro de contos e um de poemas. Todos esperando o momento certo de serem publicados.

Também em curso de escrita está a minha segunda novela. Talvez eu o termine ainda esse ano, não tenho pressa na escrita. Já tive muita pressa e afobamento no passado, hoje sei o quão essencial é saber usar o tempo a seu favor. A gaveta e o tempo são necessários para mim. Assim como o vinho ganha qualidade com o tempo, também as palavras.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 08/08/2021
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