UM PAI "DESCOLADO"

UM PAI "DESCOLADO"

Saímos ontem do mini-restaurante de 4 x 6 metros banhados de suor, o ar-condicionado pifara e, lá fora, passava dos 35 graus. Paramos na frente de loja de material de decoração para aniversários e com coisas para o próximo Carnaval, se houver. Na vitrine, cartazes com frases "Meu pai é assim", "Meu pai é assado" (?!) -- com o calor que fazia, entende-se a expressão -- e um curioso "Meu pai é... DESCOLADO" ! Me pergunto o que seria, então, um pai... "colado", o inverso do outro.

Parei mais adiante, em loja de celulares e perguntei para bela jovem loira o que era "aquilo" ?! Significava, disse ela, "um pai ANTENADO com as coisas modernas" ! Não, êle não precisa ser MARCIANO, apenas entender -- sabe-se lá como -- a forma de manusear os atuais celulares ou, pior, microssystems de 10 funções e 20 teclas, os microondas também. Se queríamos prova de que mulheres da Geração Y e Z são mais inteligentes do que os homens, já as temos: elas sabem mexer com "tudo isso" sem hesitações !

É DIA DOS PAIS neste belo domingo que inicia... dos pais e das mães deveriam ser todos os dias, mas entendemos (a maioria) que êles não fazem mais do que sua obrigação. Neste século preocupante os jovens se tornam PAIS aos 15, 16 anos, época em que nossa Geração -- nascida entre 1945 e 60 -- só pensava em "bola de gude", figurinhas, brigas, rock e bailes e as meninas em... bonecas ! Os pais "colados" daqueles tempos não "largavam do nosso pé" um só instante, decidiam o que íamos vestir e calçar, o que seríamos na Vida e em qual colégio estudar. De moderno em nós só as botinhas "Jovem Guarda", calça "Calhambeque" e, uns 15 anos depois, tênis All Star e as camisas-polo "do jacaré", das "raquetes", dos "pezinhos".

Hoje garotos-pais "descolados" usam cabelos azuis ou verdes, as cuecas "paraguaias" (ou chinesas) Calvin Klein aparecendo nas calças enormes, bainhas arrastando pelo chão e um "fundo" de palmo e meio, "Moda-espanto". São êles os responsáveis (?!) por essa criançada que fala "no mesmo tom" com os jovens pais e, de igual para igual, com idosos, os professores e quem vier pela frente. Pode parecer reclamação este meu comentário, mas é sincera admiração pela LIBERDADE que têm hoje, "donos de si mesmos" desde os 4, 5 anos... e pela Vida a fora !

Fomos de uma "Geração de Robôs" -- na expressão exata de um amigo do Seminário Menor, ambos OBRIGADOS a cursá-lo -- e não dávamos 1 PASSO sem o consentimento dos pais, professores e demais responsáveis por nós, os tios, no meu caso. Criança "não ouvia conversa" de adultos, não ousava sequer interrompê-la, mesmo que a casa estivesse pegando fogo. Cinto, chinela ou palmadas eram eterna ameaça... a nos tornar bons cidadãos pelo resto dos nossos dias. Me parece que NADA DISSO adiantou para um certo "capitão", porém tem gente que não "se endireita" nunca !

HOMENAGEIO meu pai JOÃO, que viveu quase só para seu caminhão, mas nos provou que TRABALHO não mata nem castiga e dignifica o Homem, além de CONSTRUIR o Mundo !

"NATO" AZEVEDO (em 8/agosto 2021, 6hs)

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OBS: só ontem encontrei extensa reportagem de 4/junho 2021 sobre jovens, com o título de "AFINAL, VOCÊ É CRINGE" ??, da jornalista Mariana Arrudas (FOLHAPRESS), publicado no DIÁRIO DO PARÁ. Repriso trechos muito curiosos, que nos ajudam a compreender os nossos dias.

AFINAL, VOCÊ É CRINGE ??

"Millennials ou Geração Z? A internet virou palco nas últimas semanas de um embate entre duas gerações em torno de hábitos como tomar café de manhã, vestir calça skinny, usa Facebook e falar termos como "boleto". No centro da disputa está a página "cringe" como sinônimo de "mico" ou "vergonha alheia". De um lado os millennials, pessoas nascidas entre 1980 e 1994 e que mantêm, em sua maioria, os hábitos citados. Do outro, a Geração Z, formada por jovens nascidos de 1995 a 2010, e que classificam tudo isso como "cringe". Listas e testes surgiram para determinar de que lado você está" (...) O "cinge" é o que nós achávamos cafona dos nossos pais", compara Carol Rocha.

Carol Rocha explica ser natural ter também pessoas que se sintam perdidas em sua Geração. "Temos as entre-gerações, que ficam em um limbo. Entre os millennials e a Geração Z tem os "Zenialls", comenta sobre as pessoas que são classificadas como Z, mas se identificam com alguns costumes da geração anterior. (...)

Carol Rocha comenta que as gerações populacionais são delimitadas em uma média entre 14 e 15 anos, e atualmente o que mais diferencia uma da outra é a relação com a Internet. Os millennials acompanharam o surgimento e a Geração Z já nasceu inserida neste meio, sendo chamados "nativos digitais".

"Temos ainda os "pré-Internet", os "boomers" (1945 a 1964)", acrescenta Carol Rocha. Ela comenta que o embate de gerações continua acontecendo e já é possível de ser vista na Geração ALPHA. "Tenho um filho de 6 anos, ele mexe no iPad desde que era bem pequenininho, para ele realmente não existe o universo sem ter tecnologia".

Segundo Mariana Tantiloni, especialista em tendências da WGSN, (...) outra diferença está na maneira como as duas gerações fazem uso das redes sociais. "A Geração Z se transforma em produto, enquanto os millennials usam as redes para alavancar a vida profissional". Um dos grupos mais afetados pela crise decorrente da pandemia, os zoomers começaram a buscar formas alternativas de monetizar com as redes sociais". (...)

Ainda segundo o centro de estudos americano, o engajamento contra o racismo é mais aceito entre os mais jovens do que entre os mais velhos. A maioria dos mais novos também acredita que a maior presença de mulheres no Congresso é positiva e que as tarefas domésticas devem ser igualmente divididas. E toda essa abertura à diversidade tende a ser levada pela Geração Z para o ambiente de trabalho.

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ENTENDA OS GRUPOS - Renata Bianchi diz que as gerações ou "tribos" gostam de ter suas características, objetivos e propósitos bem demarcados. (...A mestre em Comunicação e Semiótica estabeleceu algumas características gerais das 4 últimas gerações: BABY BOOMERS (1945 a 1964) - São os nascidos no pós-guerra. Bianchi afirma que "são aquelas pessoas que ficavam 30 anos na mesma empresa", já que como sua infância e juventude não foram fáceis, cresceram buscando estabilidade, tanto na vida financeira quanto amorosa. *** GERAÇÃO X (1965 a 1980) - Filhos dos "boomers" eles julgavam a geração anterior como chatos e até antiquados. A Geração X busca acumular dinheiro mais rápido para poder curtir a vida, trabalhando assim freneticamente até os 50 anos. "Trocamos a vida pessoal pela profissional". *** MILLENNIALS ou GERAÇÃO Y - Bianchi explica que os Millennials não querem viver em função de dinheiro, mas sim, viver com um trabalho feliz e com um propósito. Eles viram a chegada da Internet e aprenderam usá-la, sendo chamados de "imigrantes digitais". *** GERAÇÃO Z (1996 a 2010) - Enxergam as outras gerações como modelos que realmente não querem seguir. Para Bianchi, a principal diferença é que a Geração Z "recebe informação do Mundo inteiro, o tempo todo, em segundos". Os nativos dessa Geração também almejam chegar ao topo mais rápido.