Manifesto peripatético
Revolução: para faze-la, é preciso se reerguer do chão. Levantar, mesmo que a dor insista em sufocar. Revolução peripatética, em movimento. Revolução aristotélica, andando, passeando. Ocupar a cidade, as ruas, as escolas, as universidades. Fazer amizades. Ensinar. Romper e reatar. Aprender. Ocupar as praças e os pátios. Desalojar-se, desinstitucionalizar. Falar. Sair do computador. Amar. Caminhar e conversar. Conversar muito, sobretudo. Abaixo o isolamento e a reclusão. Abaixo ao pijama. Devir nômade. Ninguém mais isolado, enclausurado. Nenhuma vivalma em casa. Vacina e máscara. Sempre, em todos os lugares. Ambientes ventilados e álcool, muito álcool. Wisky! Como no Chile: arco-íris e poesia para derrotar o fascismo. No à Bolsonaro. No ao crossfit e ao neoliberalismo. Nosotros si. Alegrias. Solidariedade. Literatura e camaradagem. Acabou chorare. Novos baianos. Música e arte. Capoeira e candomblé. Não acabou a pandemia. A tristeza sim. Afetos tristes são impotentes; impotência é antirevolucionária. Máscara ppfdois. Acolher os que sofrem e os enlutados. Revolução político-terapêutica. O corpo como resistência. Os coletivos. As redes. Acolher os loucos e os malditos. Votar consciente. Ouvir os habitantes da rua. Os habitantes de babel. Ofertar afeto, muito afeto. Ética anti-violenta, anti-individual. Rir de se derramar. Dialogar, face a face. Compreender. Errar e se desculpar. Proteger. Encorajar. Ler. Acabou chorare, ficou tudo lindo. De manhã cedinho. Tropicália e Jimi Hendrix. Woodstock. Nada de positividade tóxica. Essa baboseira toda. Manifesto peripatético é potência afetiva, potência de agir. É revolucionário e estético. Micropolítico. Manifesto que respeita o tempo. O tempo do humano. Anti-máquina. Anti-digital. Um manifesto para adiar o fim do mundo.