Fruto da Ousadia
Logo que desembarquei do Rebocador Tridente, ao término de meu período de embarque obrigatório, fui designado para a turma de segurança do prédio Almirante Tamandaré, sede do Primeiro Distrito Naval. Os postos eram distribuídos pelo andar térreo do edifício. Ocupávamos os pontos principais de acesso aos outros andares, na escadaria ou nos elevadores.
Foi lá que conheci Vânia, uma cabo do CAF, Corpo Auxiliar Feminino, e ao bater o olho fiquei encantado. Foi paixão à primeira vista. Ao descobrir que servia na Diretoria de Administração, busquei uma maneira de conversar com ela. No entanto, não era tarefa das mais fáceis. Eu não passara de um mero estranho. Resolvi, então, mandar flores pra ela.
Isso aconteceu numa segunda, quando foi sexta – feira, já sabendo que pegávamos o mesmo ônibus: o trezentos e cinquenta, Centro – Irajá. Eu aproveitei o anonimato para segui– la. A primeira coisa, que fui atrás de saber, foi justamente a condução que pegava para ir embora. Sabendo a condução, fui então mais ela no coletivo e descobri que morava em Olaria, antes do ponto do Curtume – Carioca na Penha, bairro vizinho à minha residência. Eu descia três paradas depois da dela, próximo à avenida Lobo Júnior.
Na sexta – feira, sai mais cedo do quartel e, em casa, tomei banho por conta do calor, e voltei com capricho na vestimenta e no perfume. Embora estivesse eu com pressa, ao pegar o coletivo, cheguei a tempo de pegá– la na saída. Com a roupa trocada (a farda pelo traje civil), via passar em direção ao ponto de ônibus. E assim, eu a abordei.
- Boa tarde! Eu poderia acompanhá– la por um minuto apenas? Diante de uma abordagem tão delicada, ela aceitou. Depois de dizer ¨está certo¨, eu prossegui.
- Posso te oferecer um chope? Pois eu gostaria de conhecê – la. O meu nome é Fernando Martins e você como se chama. Ela não quis o oferecimento, mas me disse o nome. – Pois, então, Vânia! Me deixe pagar um cafezinho?
- Tá certo! Eu vou mais quero que seja breve e deixe que o meu eu pago! – Era um sinal de inquietação, porém não era um¨ fora¨, uma recusa, um não redondo.
Após alguns minutos de conversa, percebi que eu estava chamando sua atenção. ¨Quem seria este cara que eu nunca vi mais gordo, mas de papo tão agradável?¨Ela acabou, em ações, revelando os pensamentos. Daí foi um convite para o cinema logo surgiu de minha parte. E, após ter dito que não tinha namorado, fui incisivo e, desde princípio, em que marcamos este primeiro encontro, estamos até hoje, temos um filho e eu consegui a aprovação da família dela.